“É uma arma de destruição maciça”
Tem sido a grande bandeira contra o Facebook em Portugal. Já fui contra os antigos fumadores, entretanto deixei de fumar. Confirma-se que tinha razão no que dizia de mal sobre esta rede social? Acho que sim, e a 200%. As confissões de Mark Zuckerberg são confiáveis? Ainda não vi o depoimento dele, mas acho que é tudo um fingimento e já sabia no que aquilo ia dar. É como os cientistas que começaram a trabalhar na fusão do átomo sem terem previsto que ia acabar em Hiroxima. Apesar de novo não é ingénuo? Claro que não. Zuckerberg é um tipo brilhante e sabia muito bem qual era o potencial do Facebook. Que é uma arma nuclear de destruição maciça que tanto poderia ser uma coisinha inofensiva para pôr os colegas em contacto ou, como me diziam ingenuamente a princípio os meus conhecidos, que deste modo reencontravam os colegas da primária. É antes um instrumento global de controlo de tudo. Não se foi longe de mais quando se disse que o Facebook manipulou as eleições americanas e o brexit? Não, porque o potencial perigoso do Facebook é, como se revelou, ser capaz de manipular a vontade e as emoções das pessoas. Isso começou por ser utilizado para a publicidade e a partir daí serve para tudo, incluindo o sentido de voto das pessoas. A partir do momento em que o algoritmo consegue detetar os gostos das pessoas e o padrão de comportamento, tanto pode dar para a escolha de um fato de banho como para um candidato. E o mais interessante na história da Cambridge Analytica nas eleições nos EUA é terem ido à procura dos swing voters, ou seja, os que podem ser manipulados através de informações falsas e, assim, alterar o sentido de voto. As pessoas são assim tão ingénuas? São, basta ver o que se passa com Bruno de Carvalho no Sporting. É um bom exemplo, infelizmente vivemos um tempo em que as pessoas não têm tempo nem vontade de serem informadas. JOÃO CÉU E SILVA