“Angola está sempre em primeiro lugar”
Trabalha com a National Geographic, em Angola,num estudo da bacia hidrográfica do Okavango. Além da importância que tem para o planeta, este trabalho de exploração e conservação da biodiversidade pode ser relevante para o futuro do seu país? É muito importante proteger lugares de tanto valor. É muito importante para fora e é muito importante para nós. Este trabalho é feito a pensar na humanidade, nos outros países, mas na minha mente Angola está sempre em primeiro lugar. O interesse em torno do projeto, nomeadamente por parte das comunidades que vivem nos locais onde trabalha, tem crescido com o tempo? Sem dúvida. Quanto mais apresentações se fazem, quanto mais se conversa com as pessoas, mais se nota que a palavra está a ser passada e as pessoas conseguem começar a perceber a importância deste trabalho, dos sacrifícios que lhes são pedidos. É claro que há sempre pessoas mais difíceis de convencer. Para algumas pessoas a biodiversidade é muito importante, para outras é a economia. Para além do conhecimento que se está a recolher, o que espera que possa resultar deste trabalho no futuro? Espero que se possa literalmente abranger todas as componentes: fazer uma área protegida, fazer que as comunidades sintam os benefícios e possam até melhorar as suas condições de vida. Ajudar o país. Quais são neste momento as principais ameaças aos territórios que está a estudar? A caça, a produção de mel e a agricultura, que é agricultura de corte e queima. Mas tudo isso está associado à pobreza... ...e pode ser superado se as pessoas entenderem o retorno? É isso que procuramos fazer. Com as crianças, através da consciencialização ambiental, mas também com os adultos. Sentamo-nos com eles, mostramos-lhes os mapas. Dizemos: “Esta zona aqui está sob a vossa gestão.” Sentir esse poder ajuda as pessoas a envolverem-se mais.