Diário de Notícias

Camila Costa, a esperança do surf que vem do Oeste

Surpresa no recente Caparica Junior Pro, a surfista das Caldas da Rainha pode ser também uma outsider na luta pelos lugares cimeiros no Allianz Ericeira Pro neste fim de semana

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Camila confessa que não é favorita na Liga Meo, mas diz que vai estar descontraí­da para alcançar a melhor classifica­ção possível

PEDRO MIGUEL NEVES Carissa Moore e Mick Fanning. Aos 17 anos, Camila Costa tem na ponta da língua os dois modelos de surf que sonhava emular. Dois campeões do mundo, como convém. Para já, a jovem surfista das Caldas da Rainha vai mostrando o que sabe na faixa de areia que vai do Baleal e Peniche até à Foz do Arelho, os campos de treino habituais.

“A Carissa Moore é a minha surfista de eleição. Pelo power que coloca no seu surf, a velocidade e as manobras inovadoras. Ela surfa ao nível dos homens e penso que esse devia ser o objetivo das surfistas femininas”, conta Camila ao DN, que sonha, um dia, dividir o surf com um trabalho de investigaç­ão na área da biologia. “E o Mick Fanning... eu sei que está na ordem do dia elogiá-lo porque se retirou da competição, mas a verdade é que gosto muito do seu surf e também acho que ele lá saberá as razões do abandono do circuito. Acho que ele vai ser feliz”, sentencia.

Maturidade no discurso e, cada vez mais, no surf, como ficou demonstrad­o no Caparica Junior Pro, no mês passado, com um pódio (quarto lugar) na final desta etapa do circuito europeu pro júnior da World Surf League. Prova de nível exigente que constitui o melhor resultado internacio­nal de Camila e que a surfista explica assim: “Fiquei muito satisfeita com a minha prestação nesta prova. Não só porque é o meu melhor resultado competitiv­o de sempre, mas também pela forma como me senti em todo o campeonato, muito calma e descontraí­da, quase como se estivesse numa sessão de free surf e não numa competição daquela importânci­a, com a licra vestida.”

Não se pense, todavia, que Camila Costa apareceu agora. Campeã nacional sub-16 e sub-18, a surfista das Caldas tem um 9.º lugar com a seleção nacional nos Mundiais de Juniores do Japão, no ano passado, e um terceiro lugar num campeonato Grom Search europeu (campeonato para surfistas sub-16).

A história de surf de Camila começa, como muitas outras, por influência do pai. Luís Costa foi um surfista com percurso discreto nos nacionais da modalidade, mas pegou o “bichinho” à filha, aos poucos, ao cabo de muitos dias de verão da costa oeste. Mas a febre do surf demorou a pegar.

“Apanhava umas ondas com o meu pai, mas nunca foi nada de sério. Fiz outros desportos, como a ginástica, o futebol... e até experiment­ei o badmington.O surf de competição só apareceu há uns cinco anos, quando andava à procura de uma modalidade que me satisfizes­se. E, afinal, o surf esteve sempre ali”, recorda.

Das ondas com o pai passou para a orientação “mais a sério” do treinador António Henriques e as coisas foram acontecend­o.

Agora, na antecâmara de mais uma temporada de Liga Meo (tem início amanhã e decorre até domingo), Camila mostra-se otimista e descontraí­da. Sabe que não é favorita a ganhar o Allianz Ericeira Pro e até atribui o favoritism­o às “crónicas” candidatas Camilla Kemp e Carol Henrique, “muito fortes naquela onda e muito mais experiente­s em termos competitiv­os”. Mas não esconde muita vontade de mostrar o que vale numa das ondas mais famosas do surf nacional: “Não surfei muito ali, mas gosto da onda, encaixa-se bem no meu surf e é boa para um surf com força, como gosto. Quanto a resultados, não tenho objetivos concretos. Quero, isso sim, surfar como fiz no pro júnior da Caparica, descontraí­da e com capacidade de mostrar o meu surf. O resto... logo se vê.”

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