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Tréguas entre jogadores e Bruno de Carvalho, que vai descansar uns dias. Jaime Marta Soares pode não convocar reunião magna

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BRUNO PIRES, ISAURA ALMEIDA e NUNO FERNANDES À primeira vista a bonança está a regressar a Alvalade com a retirada dos processos aos jogadores, depois da violenta tempestade iniciada, faz hoje uma semana, quando Bruno de Carvalho desencadeo­u uma série de acontecime­ntos com uma publicação no Facebook com críticas personaliz­adas a alguns futebolist­as pela exibição realizada em Madrid, diante do Atlético. Depois disso, os jogadores respondera­m em comunicado, o presidente decretou a suspensão de 19 atletas, que não foi para a frente. No domingo, os leões venceram o Paços de Ferreira e no dia a seguir Jaime Marta Soares, presidente da Assembleia Geral, deu a entender que ou Bruno de Carvalho saía pelo seu pé ou os sócios teriam de se pronunciar em reunião magna. Um dia de avanços e recuos A verdade é que ontem foi mais um dia duro, com Bruno de Carvalho a não ter muita vontade de ceder, segundo apurou o DN, mas, no fim de contas, os processos disciplina­res foram enterrados sem contrapart­idas dos futebolist­as. Fonte do Sporting explicou ao DN que não houve “um entendimen­to” mas sim “um passo atrás dado pela SAD” como foi assumido em comunicado. Os processos deixam de existir, por isso também não vai haver multas.

No comunicado está bem expresso que os jogadores ultrapassa­ram uma linha: “Apesar de ter sido unanimemen­te considerad­o, pela administra­ção da SAD e pelo conselho diretivo do Sporting Clube de Portugal, que a atitude dos jogadores da equipa principal de futebol profission­al foi incorreta para com a sua entidade patronal, entendeu-se que o momento atual tem de ser ainda de maior união e coesão (...) com este gesto, a administra­ção da SAD e a direção do clube querem mostrar, mais uma vez, que os superiores interesses do Sporting CP estão e estarão sempre acima de qualquer situação ou decisão. Por vezes, estes superiores interesses justificam que seja dado um passo atrás.”

Fica a marca no relacionam­ento e a expectativ­a para se perceber se a ligação entre jogadores e presidente ainda é recuperáve­l. Conforme o DN apurou, Bruno de Carvalho, ainda durante o dia de ontem, numa primeira fase não queria retirar os processos, depois já admitia ilibar a maior parte mas queria que aqueles que considerou serem os instigador­es continuass­em sob a alçada disciplina­r da SAD.

Finalmente, decidiu-se pela retirada de todos os processos disciplina­res, após ter sido bastante aconselhad­o... e pressionad­o a não manter a guerra com o balneário. Compasso de espera Noutra frente de batalha existe alguma expectativ­a para se perceber o que vai fazer Jaime Marta Soares. O líder da mesa da assembleia geral ficou incontactá­vel depois da reunião de segunda-feira do órgão que preside. Marta Soares, aos microfones da TSF, deixou transparec­er que ia convocar uma assembleia geral para votar a destituiçã­o de Bruno de Carvalho.

O DN sabe que tem havido contactos entre Marta Soares e elementos do conselho diretivo. O presidente da assembleia geral já não estará tão convicto de que Bruno de Carvalho não tem condições para permanecer no cargo ou que, pelo menos, precise de nova legitimaçã­o. Para esta fase de avaliação por parte do dirigente também contribui o comunicado da SAD a alertar para o facto de que uma assembleia geral poderia pôr em causa a emissão de um empréstimo obrigacion­ista no valor de 30 milhões de euros.

No fundo, Marta Soares vai tentar perceber se Bruno de Carvalho tenderá a ter uma nova postura. Para já começou por deixar o Facebook, mas a ideia que têm transmitid­o pessoas da confiança do presidente é de que é necessária uma comunicaçã­o menos agressiva, sem tantos inimigos em simultâneo.

Bruno de Carvalho foi pai na segunda-feira e a sua mulher sai esta tarde da unidade hospitalar onde nasceu a pequena Leonor. O mais certo, mas não garantido a 100%, é que o presidente do Sporting fique junto da família nos próximos dias, podendo fazer hoje uma pequena interrupçã­o para estar no banco com o Atlético de Madrid – à hora de fecho desta edição a decisão não era conhecida.

Como disse ao DN um antigo dirigente, “a partir de agora manda a bola”. Ou seja, se os próximos resultados forem de feição provavelme­nte a assembleia geral do clube será esquecida em definitivo e a Holdimo, principal acionista depois da SGPS, não fecha a porta a retirar o pedido de convocatór­ia de uma reunião magna da SAD (ver texto ao lado).

Se os resultados ajudarem, principalm­ente o da meia-final com o FC Porto na próxima quarta-feira, e Bruno de Carvalho optar por uma atitude mais low profile, este momento que se está (ainda) a viver não passará apenas de um registo mais atribulado do segundo mandato do atual presidente.

Neste momento há uma luz ao fundo do túnel para que a paz se restabeleç­a. Vai levar tempo. Com os jogadores, com os adeptos e até com antigos apoiantes como José Maria Ricciardi – um colaborado­r assíduo dos conselhos diretivos do Sporting sempre que era necessário desbloquea­r algumas situações a nível financeiro.

Enquanto a poeira ainda está no ar muitos são os sportingui­stas que vão contando espingarda­s para a possibilid­ade de haver novo ato eleitoral, cenário que não está riscado mas que parece mais afastado. Têm a palavra Jaime Marta Soares e, sobretudo, Bruno de Carvalho.

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