Diário de Notícias

Carlos Fernandes, Manuel José, João Alves e António Simões elogiam a inteligênc­ia, a humildade e o trato fácil de Rui Vitória: é assim o treinador que nunca se desvia do seu caminho

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RUI MARQUES SIMÕES Quem o conhece, elogia-lhe a persistênc­ia, a inteligênc­ia, a humildade, o trato fácil com os jogadores e a confiança no seu trabalho. Contudo, a melhor expressão para definir o treinador do Benfica, RuiVitória, é resistênci­a. “É uma palavra que lhe encaixa bem. Costuma dizer que não se desvia do seu caminho, sabe que se não se desviar os resultados vão acabar por aparecer, e é isso que acontece”, aponta João Alves, ex-futebolist­a, que foi orientado pelo técnico noVitória de Guimarães.

Rui Vitória resiste. É assim desde os tempos de jogador, é ainda mais como treinador: alguém capaz de enfrentar inícios complicado­s e a desconfian­ça dos adeptos, para depois sair por cima, nos clubes por onde passa. “Resistênci­a é uma boa palavra para o definir”, regista Manuel José (seu pupilo no Paços de Ferreira). “Encaixa-lhe perfeitame­nte”, anui Carlos Fernandes (seu colega no Vilafranqu­ense). “É alguém que resiste a abdicar da sua personalid­ade e dos seus valores. Não se deixa embalar nem se deixa arrastar: disso estamos seguros”, elogia, por seu lado, António Simões, adepto, ex-jogador e ex-diretor desportivo do Benfica.

Ex-colegas, ex-pupilos ou adeptos estão cientes: a resistênci­a é a imagem de marca de Rui Vitória (tanto quanto a garra é a principal caracterís­tica identitári­a de Sérgio Conceição, seu adversário no Benfica-FC Porto desta tarde). Não é possível traçar o perfil do técnico benfiquist­a sem referi-lo. E esta história começa em Vila Franca de Xira, a sua primeira casa como treinador (2002-03 e 2003-04) e principal palco da sua discreta carreira de jogador de futebol (de 1990-91 a 1998-99, com uma curta passagem pelo Alverca pelo meio).

“Ter partilhado balneário com ele fez diferença na minha carreira”, diz Carlos. Então, em finais dos anos 90, o guarda-redes – que passou por Boavista, Rio Ave e Steaua Bucareste, entre outros – “era um jovem em início de carreira, que ouvia muito os conselhos e palavras amigas” do experiente Rui Vitória. “Via-o como uma pessoa calma, madura, ponderada, com as ideias no lugar. Sabia o que dizer; tinha uma forma tranquila de falar, de maneira simples; e puxava muito pelos outros jogadores. Era o nosso líder, no ano em que fomos campeões nacionais da III Divisão (97-98)”, recorda o guardião, de 38 anos, que regressou esta temporada à UD Vilafranqu­ense, do Campeonato de Portugal.

Carlos Fernandes lembra “um homem simples, muito afável, com facilidade no relacionam­ento com as pessoas”. E garante que Rui Vitória “não deixou de ser assim, daí ter uma relação próxima com os jogadores”. Agora, o guarda-redes vê no Benfica “uma equipa à imagem do seu treinador, que acredita no que faz e mostra persistênc­ia”. “Começaram mal, mas conseguira­m subir ao 1.º lugar do campeonato e, para mim, são os favoritos à conquista do título”, sublinha. Benfica (2015-16, após quatro temporadas no emblema vimaranens­e) foi o exemplo de como elas se interligam. “No primeiro ano, as pessoas não acreditava­m nele. Ele continuou o seu trabalho, acreditou nos jogadores e as coisas acontecera­m”, descreve João Alves.“RuiVitória é assim: acredita no trabalho dele e sabe que vai ser bem-sucedido”, acrescenta o antigo médio-centro, elogiando a “persistênc­ia” do técnico.

Esta época, o treinador ribatejano “está novamente no bom caminho”, depois de ter vivido grandes dificuldad­es. Com o Benfica a acumular maus resultados nas outras provas (foi afastado precocemen­te da Liga dos Campeões, Taça de Portugal e Taça da Liga) e acossado por polémicas fora dos relvados, RuiVitória deu a necessária estabilida­de ao plantel. “Conseguiu tranquiliz­ar os jogadores e os adeptos. O desgaste não se notou até aqui”, destaca João Alves.

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