Diário de Notícias

Como as Caldas se mobilizara­m para um dia histórico

Cidade inspirou-se no Euro 2004 e nem as célebres loiças escapam aos adereços do clube local. Tudo pelo Jamor

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GONÇALO LOPES É hoje (18.30, Sport TV1) que o Caldas pode entrar para a história do futebol português, se garantir o apuramento para a final da Taça de Portugal. Para tal, terá de dar a volta ao resultado que trouxe da Vila das Aves, uma derrota por 1-0. A vontade e a confiança são grandes e esta cidade do oeste está em peso no apoio à formação do Campeonato de Portugal.

Foi já há 14 anos que Luiz Felipe Scolari, então selecionad­or, convocou uma onda de apoio à seleção durante o Euro 2004, incentivan­do à colocação de bandeiras e cachecóis nas varandas, num movimento popular que se espalhou pelo país. E essa foi uma inspiração para os caldenses nesta ocasião. É rara a loja ou o café que não tenha sido enfeitado com um adereço do clube, e para hoje está prevista uma surpresa. “Vamos recebê-los como os portuguese­s receberam a seleção em 2004. Queremos que sintam que acreditamo­s neles, com os cachecóis nas varandas e nos carros, a cidade vai parar por eles”, disse ao DN Henrique Mateus, adepto do Caldas, que ontem à tarde assistia ao lado da mulher, Alice, às últimas obras para receber este jogo das meias-finais da Taça de Portugal.

Por ali também estavam jovens estudantes, com os cachecóis ao pescoço, embora o calor se fizesse sentir. Esperavam pelo único treino do Caldas no Campo da Mata nas últimas três semanas, dado que o recinto sofreu algumas obras de melhoramen­to, e queriam demonstrar o apoio. “Temos aulas, mas fizemos um furo de uma hora para vir vê-los. Os cachecóis? São muitos pela cidade, é uma união muito grande”, disse Rodrigo Pimenta, de 16 anos, ao DN.

Quem atravessa as ruas das Caldas da Rainha, especialme­nte a Rota Bordaliana, consegue sentir essa atmosfera festiva. São cachecóis pendurados nas célebres peças de cerâmica daquela cidade, como o conhecido Zé Povinho,a Saloia, o Padre Cura, rãs, gatos, sardões, caracóis, folhas de couve, entre outros elementos caracterís­ticos da estética bordaliana, espalhados pelas ruas da cidade, em fachadas de prédios e até penduradas em árvores.

Pedro Raposo, vereador do Desporto da autarquia local, explica também esta euforia em torno do clube. “É um momento único para o Caldas e foi um fenómeno que ninguém programou, que aconteceu. Foi muito interessan­te ver não só a população como praticamen­te todo o tecido empresaria­l envolver-se neste trajeto”, revelou ao DN, fazendo a analogia entre o Euro 2004 e esta meia-final da Taça de Portugal.

“É uma comparação muito bem feita. Quem passa na cidade percebe isso. As ruas estão enfeitadas, as conversas andam em torno do clube, é um momento de alegria e estamos todos muito esperançad­os em chegar ao Jamor”, confessou. 35 mil euros para o Campo da Mata “Ninguém passa na Mata.” É este o lema do Caldas e, até à data, no que a jogos da Taça de Portugal diz respeito, tem-se confirmado. A verdade, contudo, é que este jogo da segunda mão esteve para não se realizar no Campo da Mata, por falta de condições. Foram precisos 35 mil euros para que tal fosse possível e o apoio veio de muitos lados.

“O clube tem sido apoiado de muitas formas. Pelos adeptos e, neste caso, não só pelo setor públi- 1. Os trabalhos no Campo da Mata prolongam-se mesmo até ao dia do jogo, para deixar o recinto do Caldas pronto a receber a partida mais importante da história do clube e da cidade 2. Jogadores mostraram boa disposição no último treino antes do jogo decisivo contra o Aves. A desvantage­m de 1-0 trazida da primeira mão não abala a confiança co mas também privado, que nos ajudou a que estes melhoramen­tos, que ainda estão a acontecer, fossem possíveis e que o jogo se realizasse no Campo da Mata. O facto de o termos conseguido é também uma vantagem para o nosso clube”, referiu o vereador.

Também Jorge Reis, presidente do clube, não esconde o seu entusiasmo perante esta obra e quer oferecer o Jamor aos adeptos. “Temos o estádio cheio, com 6500 pessoas, e pelas ruas da cidade e ainda na Expoeste vão estar mais de 20 mil pessoas. É um apoio muito importante e foi determinan­te que o jogo se pudesse realizar aqui. Agradecemo­s a todos e agora esperamos dar a prenda que todos querem, que é o Jamor”, salientou.

Festa, com ou sem apuramento

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