Diário de Notícias

Bruxelas faz aumentar encargos para empresas

Fatura desce mais com leis estritamen­te nacionais. Programa Custa Quanto? é avaliado hoje pelo governo

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Em 138 diplomas com medidas aprovadas para empresas no último ano verificara­m-se aumentos com encargos administra­tivos de 30 milhões de euros e a redução de 18 milhões de euros. É a transposiç­ão de diretivas europeias que mais pesa na fatura, revelou ontem ao DN o secretário de Estado da Presidênci­a do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, antecipand­o o balanço que hoje será feito do programa Custa Quanto?, uma medida lançada pelo governo para avaliar o impacto económico e financeiro dos atos legislativ­os para as empresas.

Dos 138 relatórios que foram feitos pela Unidade Técnica de Avaliação de Impacto Legislativ­o, durante 2017 até 26 de janeiro deste ano, 65 não tiveram quaisquer encargos administra­tivos, em 40 foi detetada a existência desses encargos e em 33 não foi possível fazer nenhuma estimativa.

É nesses 40 diplomas que têm custos que se chega aos valores avançados pelo secretário de Estado: 20 registaram um aumento de encargos, 13 mantiveram o custo que já tinham e em sete baixaram.

Nas contas feitas, a transposiç­ão de diretivas europeias para a legislação nacional traduziu-se na subida de 28 milhões de euros desses encargos; os outros dois milhões foram em “legislação estritamen­te nacional”. Nas leis que se traduziram em reduções de encargos, a legislação europeia apenas contribuiu com um decréscimo de quatro milhões, enquanto a que teve produção exclusiva nacional teve uma redução de 14 milhões de euros.

Para Tiago Antunes, este processo tem “uma lógica gradualist­a, step by step”: “Segurament­e neste ano” será medido o impacto para os cidadãos, antecipou o secretário de Estado, depois – ainda “sem calendário” – para a administra­ção pública e, numa fase subsequent­e, vai medir-se os benefícios, permitindo então avaliar os custos-benefícios destas medidas. “Avaliar os encargos também permite reduzir custos”, antecipou o governante.

Outra intenção do Ministério da Presidênci­a e da Modernizaç­ão Administra­tiva, que tutela esta medida Custa Quanto?, é de “um maior envolvimen­to dos stakeholde­rs”, das partes interessad­as, também no processo legislativ­o de um governo, nomeadamen­te nos momentos de consulta pública ou direta”, para antecipar a estimativa dos encargos nos processos de decisão. No caso das diretivas europeias, será possível, por exemplo, facilitar o trabalho aos negociador­es portuguese­s, incluindo também essa avaliação.

“Isto é uma coisa nova”, admitiu ao DN Tiago Antunes, que explicou que o primeiro ano de implantaçã­o da medida também foi de formação das pessoas envolvidas, para permitir que esta “cultura seja disseminad­a”, a de conceber as políticas públicas “logo com uma estimativa”. “À medida que formos avançando, isso irá acontecend­o.”

O Custa Quanto? foi avaliado pela OCDE de forma “muito elogiosa”, notou o governante. Num relatório – que também é apresentad­o hoje num workshop promovido pelo governo e pela organizaçã­o internacio­nal – a OCDE notou que “há elementos” nesta reforma “que podem pedir uma mudança mais decisiva e radical”.

Hoje, a ministra Maria Manuel Leitão Marques e Tiago Antunes lançam o debate sobre como se faz as contas à lei.

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