“Não sobrou dinheiro, faltou menos dinheiro. Nós tivemos uma melhor execução em 2017, que vamos verter na execução de 2018”
mais depressa o país se colocar numa trajetória de redução da dívida pública, mais rapidamente chegará a um “porto seguro”. Foi nestecontextoqueavisouque“quando em Portugal o sol brilha assim por três ou quatro meses há sempre uma enorme tentação de ultrapassar um conjunto de condições orçamentais”.
Entre a opção do governo e as que defendem os parceiros de esquerda, o economista João Duque observa que dar mais dinheiro aos serviços públicos não é sinónimo de resolução dos problemas e acentua que, na impossibilidade de o dinheiro dar para tudo (ir mais além no investimento e, simultaneamente, na redução da dívida), o mais acertado é reduzir o endividamento público. Desvalorizando a discussão em torno das décimas do défice – “duas ou três décimas não são nada e isto é válido para os dois lados” –, salienta que o mais relevante é o “sinal que se está dar aos mercados da determinação que temos em fazer uma coisa”.
Ricardo Paes Mamede não vê nos discursos com que a geringonça recebeu o novo Programa de Estabilidade nenhuma alteração substancial nas posições de fundo de cada partido. “Não há novidade nesta tensão. Há mais dinheiro e cada parte acha que se deve aplicá-lo de forma diferente”, precisa. O ciclo político também está, observa, a fazer que o PS esteja a posicionar-se mais ao centro, apostando num discurso de responsabilidade orçamental que cativa mais o eleitorado que se posiciona neste quadrante.
Para o economista, o bom desempenho orçamental “é indissociável do ciclo económico”. E, ainda que os Orçamentos do Estado sejam relativamente contidos, têm também permitido alguma reposição de rendimentos e reforço do investimento. Esta é também a linha que vê no novo Programa de Estabilidade. E, apesar de compreender a opção do governo em minimizar a existência de riscos, admite que seria possível não ser tão cumpridor das regras orçamentais e libertar um pouco mais de recursos para a economia.