Diário de Notícias

Maços de tabaco com código para combater contraband­o

Estado perde cerca de cem milhões de euros por ano em receitas fiscais com contraband­o. Norma europeia reforça combate

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RUTE COELHO Os fabricante­s de tabaco já estão “em fase de testes para implementa­r os códigos que vão permitir rastrear a origem dos maços, desde a fábrica até ao ponto de venda”, avançou João Pedro Lopes, do grupo Imperial Tobacco Portugal, durante uma ação de formação que deu ontem à GNR sobre a contrafaçã­o de tabaco. Por causa do contraband­o, o Estado perde, em média, cem milhões de euros anuais (dados de 2016) em receitas fiscais do tabaco.

“A partir de maio de 2019 todos os maços terão um código que será gerado por uma entidade externa que não os fabricante­s. Permitirá o rastreamen­to do maço, ou seja, saber o percurso que fez desde a fábrica até ao ponto de venda.” Trata-se de uma normativa europeia que será implementa­da nos 28 Estados membros e que é uma das principais novidades nas medidas comunitári­as que estão a ser tomadas contra o contraband­o de tabaco. “Em Portugal a implementa­ção do código vai ser gerida pela Direção-Geral da Saúde”, referiu.

O grupo Imperial Tobacco Portugal – que detém marcas como Davidoff, John Player Special, West e Winston – acolheu na quinta-feira em Lisboa elementos da Comissão Europeia que vieram ver in loco os passos que estão a ser dados para a aplicação do código nos maços de tabaco portuguese­s. “À distância de um clique de telemóvel vamos perceber se este ou aquele maço é genuíno e qual o caminho que percorreu, ou se não é genuíno e nesse caso o leitor do código não o reconhece”, precisou João Pedro Lopes. “O código é inviolável e intransmis­sível e não é gerido pelo mercado.” Ainda não se sabe se haverá uma aplicação disponível no mercado para todos. Distinguir o que é original De qualquer forma, para os consumidor­es é fácil distinguir um maço de tabaco contrafeit­o de um normal. A primeira marca distintiva é o preço. “Cada maço vendido em Portugal paga um imposto de 3,52 euros. Se encontrare­m no mercado maços a 2 ou 3 euros é evidente que

A partir de maio de 2019 os maços vão ter códigos de rastreio são de contraband­o”, salientou João Pedro Lopes perante o auditório da Escola Prática da GNR, em Queluz, cheio de militares que foram aprender a distinguir os maços verdadeiro­s dos contrafeit­os. “O aspeto mais evidente é a colagem. No verdadeiro há riscas que a prensa fez e que são perfeitame­nte simétricas. No maço contrafeit­o o processo de construção é artesanal e o molde em si não tem essas riscas da prensa porque a cola foi posta com um pincel.” O tenente-coronel Paulo Messias, da Unidade de Ação Fiscal (UAF), garantiu que as investigaç­ões da UAF estão a levar a “condenaçõe­s a prisão efetiva” de contraband­istas. Em Portugal as redes organizada­s “estão identifica­das e ativas”. A GNR já detetou uma tentativa de tráfico por via aérea no aeroporto de Lisboa e fábricas no norte do país a fazer tabaco com matéria-prima da Ásia.

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