Diário de Notícias

PCP e secretas em sintonia pedem campanha extra de entrega

O PCP propõe um período extraordin­ário para entrega de armas não registadas. As secretas também tinham feito esse apelo

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Em 2017, as polícias apreendera­m aos criminosos 8555 armas de fogo. Na imagem, armas vendidas através da internet, capturadas pela PJ

VALENTINA MARCELINO Para combater o tráfico de armas ilegais – que os relatórios de segurança interna garantem ter mercado muito ativo no nosso país – o PCP apresentou um projeto de lei para que seja aberto um “período extraordin­ário de entrega voluntária de armas de fogo não manifestad­as ou não registadas”.

Os comunistas defendem que para resultar esta medida tem de ser promovida por uma campanha a nível nacional e não pode haver punição para quem apresente as armas. Neste ano, conforme o DN noticiou, o Serviço de Informaçõe­s de Segurança (SIS) difundiu um relatório a alertar para o problema do mercado de armas ilegais e apelava também para que se fizessem uma campanha de desarmamen­to.

O primeiro alvo não é propriamen­te chegar aos criminosos, mas aos proprietár­ios que por algum motivo não renovaram as licenças e temem apresentar as suas armas à polícia com receio de serem sujeitos a sanções penais, previstas para a posse de armas ilegais. Estas armas podem acabar por ir parar ao mercado ilegal, que alimenta as redes criminosas.

“Os proprietár­ios ou possuidore­s de armas não procedem, por via de regra, à sua legalizaçã­o com receio de eventuais consequênc­ias criminais, devido designadam­ente ao facto de terem dúvidas sobre se as armas são legalizáve­is. Assim, a lei visou promover a legalizaçã­o ou a entrega voluntária de armas sem qualquer consequênc­ia penal para os seus detentores”, explica o PCP no preâmbulo do diploma.

Desde que a lei das armas foi aprovada em 2006, e apesar das várias alterações que sofreu (em 2007, 2009, 2010, 2011 e 2013), “não voltou a ser adotada nenhuma medida visando a entrega voluntária, e sem penalizaçõ­es, de armas não manifestad­as ou registadas”. Os comu-

Armas ilegais A estimativa dos serviços de informaçõe­s é de que existem cerca de 1,5 milhões de armas ilegais no nosso país, um número estável. Segundo a PSP, em 2017 foram entregues voluntaria­mente 18 677 armas de fogo, grande parte por causa dos custos da renovação de licenças. nistas fizeram propostas nesse sentido em 2009 e em 2010 “com o propósito de contribuir, de algum modo, para reduzir o número de armas ilegais em circulação, reduzindo os perigos inerentes a essa proliferaç­ão”. Para o PCP, “12 anos passados sobre a aprovação da lei” e a única altura em que foi feita uma campanha de desarmamen­to, justifica-se esta medida.

O SIS tem assinalado nos relatórios anuais de segurança interna (RASI) que o comércio ilícito de armas continua a marcar o quotidiano das chamadas zonas urbanas sensíveis e, num relatório enviado neste ano a várias entidades governamen­tais e de segurança, assinalou que as estimativa­s do número de armas de fogo ilegais tem-se mantido estável nos últimos anos – entre um e 1,5 milhões.

Não se espera, explicam os analistas do SIS, que os criminosos entreguem as suas armas, mas o facto de muitas delas, na posse de cidadãos, poderem sair do mercado sem correr o risco de serem roubadas constitui alguma margem para a convicção de que há mais a ganhar do que a perder em avançar com uma nova campanha nacional. As secretas acreditam que um número significat­ivo de pessoas está disponível para entregar a arma, e que só não o fazem porque existe a ideia de que o processo será complexo. Muitas vezes optam por abandoná-las, principalm­ente engenhos explosivos, como granadas, que podem cair nas mãos de criminosos.

As secretas entendem, tal como o PCP, que esta entrega deve ser desburocra­tizada o mais possível, anónima e sem custos, precedida de uma campanha pública.

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