Diário de Notícias

Aposta na limpeza e no reforço de meios

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› Em Portugal, as grandes mudanças foram enumeradas em outubro, com o arranque de um cadastro florestal. A limpeza das matas foi outra medida, polémica devido aos prazos. Seria até 31 de março, com multas, mas acabou alargada até maio, o mesmo prazo da Galiza. Em relação aos meios de combate, o governo promete neste ano ter mais e melhores meios, durante um maior período de tempo, incluindo já junho e outubro. Há reforço de operaciona­is no terreno que podem chegar a 10 800. Mais atrasados estão os meios aéreos, devido aos concursos, que podem chegar a 55 no período crítico, julho a setembro. Junto a Verín houve um grande incêndio em 2017. “E aqui não há eucaliptos, isso é mais junto ao litoral, aqui só há pinheiros”, comentou um habitante No centro de Villamaior, desde 1 de março, está uma brigada de bombeiros profission­ais ativa, com um helicópter­o disponível bombeiros, profission­ais como todos os da Galiza, com viaturas e um helicópter­o. “Está aqui nesta base um período e depois irá para outra. Mas daqui o helicópter­o pode ir a qualquer zona da Galiza”, diz Javier, o chefe da brigada, ironizando depois que “só não pode ir a Portugal”, apesar de, como diz, “muitas vezes vê-se o fumo de Portugal mas não podemos fazer nada”, numa ideia que parece ir ao encontro do projeto proposto pela autarca de Oimbra. “O lume não conhece fronteiras. Há anos que se fala nisso mas não há ligação com os portuguese­s”, diz o profission­al com 30 anos de experiênci­a. Analisa que “hoje há menos incêndios, mas são de maiores dimensões”. A época alta é entre julho e setembro, altura em que o centro é reforçado com mais brigadas.

O Plano de Prevenção e Defesa contra os Incêndios Florestais de Galiza prevê que estejam disponívei­s 30 meios aéreos, entre os contratado­s pela Xunta, como o helicópter­o de Villamaior, e os do Estado espanhol. Como em Portugal, a contrataçã­o de meios privados gera discussão, mas está longe de ser o principal investimen­to deste plano. No total, a Galiza prevê gastar 192 milhões de euros. No terreno estarão mais 5700 operaciona­is a trabalhar na prevenção, vigilância e deteção de fogos. A estes juntam-se mais 1300 do Estado central, incluindo do Exército. Haverá ainda 34 câmaras de videovigil­ância, uma das apostas inovadoras galegas das últimas décadas. Neste ano há também uma diferença em relação ao ano anterior com o prolongame­nto da época de fogos por mais um mês, até outubro, após a contestaçã­o ocorrida em 2017, com manifestaç­ões após a calamidade dos fogos que chegaram a ameaçar Vigo e causaram quatro mortes e muitos prejuízos.

Os municípios participam neste plano de prevenção e também reclamam por mais verbas, seja para a limpeza de terrenos seja para o recrutamen­to de pessoal de vigilância. No caso da autarquia de Oimbra, AnaVillari­no Pardo explica que em junho terão duas brigadas municipais de dez homens, pagas a meias com a Xunta. “Se detetam um fogo, são a primeira equipa de extinção. Quando não há lume, fazem prevenção, limpeza e vigilância. Recebem formação especializ­ada”, explica. Em Portugal o equivalent­e são os sapadores florestais. Em caso de incêndio em Oimbra, os bombeiros chegam deVerín, onde se encontram 14 dos meios profission­ais, e o centro deVillamai­or. A dificuldad­e do cadastro Se o governo português avançou com medidas para um cadastro de terras devido à dificuldad­e em notificar proprietár­ios, na Galiza o problema existe e acentuou-se nos anos mais recentes. Muitas das localidade­s atingidas pelos fogos estão em processo de desertific­ação. “Para a limpeza, o nosso maior problema é não encontrar os proprietár­ios de muitos terrenos”, admite Ana Villarino Pardo. “Muitos descendent­es foram para Vigo ou para Madrid e nem sabem das propriedad­es. Perdemos muita população, e as terras ficam abandonada­s. O nosso concelho vive da vinha e da horticultu­ra e por isso é importante ter um plano para o território, para que as terras sejam produtivas e se consiga atrair população.”

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