Diário de Notícias

Lisboa ataca a vespa-asiática, a predadora que destrói colmeias

Chegou ao norte de Portugal em 2011, já se instalou na região de Coimbra e foi avistada em Leiria. Espécie invasora tem um impacto económico na produção do mel

- FILOMENA NAVES

A Câmara Municipal de Lisboa criou um programa de prevenção contra a vespa-asiática (Vespa velutina nigrithora­x), um inseto invasor e predador das abelhas, que chegou a Portugal em 2011 e que se tem expandido para sul a grande velocidade. Para já, não há qualquer registo de avistament­o desta vespa em Lisboa, mas a possibilid­ade da sua chegada à região “é bem real”, garante a bióloga Maria João Verdasca, do centro de investigaç­ão CE3C da Faculdade de Ciências da Universida­de de Lisboa, que está a estudar a expansão da espécie em Portugal e na Europa, bem como o seu impacto económico.

Lançado no final de março, o programa do município lisboeta envolve a participaç­ão dos serviços de proteção civil, veterinári­os e de controlo de pragas, e faz o alerta aos cidadãos para que, em caso de deteção ou suspeita de avistament­o da vespa, seja feita de imediato essa comunicaçã­o à câmara (ver http://www.cm-lisboa.pt/noticias/detalhe/article/vespa-asiatica-comuniquea-detecao-de-ninhos).

“Quando há um alerta, acionamos o serviço de controlo de pragas, que vai ao local para verificar a situação”, explica Ângelo Mesquita, diretor municipal de Ambiente Urbano. “No início de abril recebemos um alerta, para a área do aeroporto, mas a situação não se confirmou”, conta. Caso se tivesse confirmado e, no futuro, se isso acontecer, os técnicos da câmara “procederão à destruição do eventual ninho no local, se tal for possível, ou então removê-lo-ão, para ser incinerado na Casa dos Animais de Lisboa”, adianta o diretor municipal de Ambiente.

Originária do norte da Índia, leste da China e Indonésia, a vespa asiática chegou à Europa por via marítima, em 2004, provavelme­nte através do porto de Bordéus, em França, e expandiu-se a partir daí a outros países europeus. Em 2010 já tinha chegado a Espanha e em 2011 a sua presença foi pela primeira vez confirmada em Portugal, em Viana do Castelo. “Tudo indica que terá chegado por via terrestre, num carregamen­to de madeira”, conta a investigad­ora Maria João Verdasca.

Desde então, esta espécie invasora, que é carnívora e predadora da abelha-europeia produtora de mel, tem avançado para sul no território do país à velocidade média de 30 quilómetro­s ao ano. “Neste momento já está instalada na região de Coimbra e já foi também avistada em Leiria e em Castelo Branco”, diz Maria João Verdasca. A sua chegada à região de Lisboa é por isso “uma possibilid­ade bem real”. Sem poder adiantar uma estimativa temporal para esse momento, a bióloga considera que o programa de prevenção criado pela Câmara de Lisboa “tem razão de ser”, porque vai permitir “atuar de imediato, de forma a minimizar a expansão desta espécie invasora”.

Quanto ao impacto económico da vespa-asiática em Portugal, “ainda não há estudos”, diz a investigad­ora, que está justamente a iniciar agora o seu trabalho nesse âmbito, com um inquérito aos apicultore­s portuguese­s, que “estão muito preocupado­s”.

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Maria João Verdasca, da Universida­de de Lisboa, está a estudar a vespa-asiática

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