Megaoperação de limpeza das lamas do Tejo começa em junho
Operação Tejo 2018, que custa 1,5 milhões de euros, arranca em Vila Velha de Ródão
Os 17 mil metros cúbicos de lamas orgânicas que estão depositadas no fundo do rio Tejo, entre os concelhos de Vila Velha de Ródão e Nisa, deverão começar a ser removidos na primeira semana de junho. A data foi avançada pelo ministro do Ambiente
João Pedro Matos Fernandes assegurou aos deputados, na comissão parlamentar do Ambiente, Ordenamento do Território, Descentralização, Poder Local e Habitação, que os resíduos “não vão ser depositados” na bacia do rio. “Nem um quilograma de lamas numa área protegida”, prometeu, quase em tom de resposta às criticas dos ambientalistas da Quercus, que já consideraram ilegal a megaoperação de limpeza das lamas, nomeadamente o tratamento e a secagem dos resíduos, num terreno situado no Monumento Natural das Portas de Ródão (concelho de Nisa). Na passada semana, o governo tomou posse administrativa deste terreno, durante um ano, para montar o estaleiro para o depósitos das lamas.
Também a deputada do PEV Heloísa Apolónia considerou “má ideia” a localização do estaleiro. Enquanto o deputado do PAN André Silva questionou o ministro sobre se o governo estudou localizações alternativas, sustentando que razões economicistas estiveram na origem da opção escolhida.
João Pedro Matos Fernandes salvaguardou que em causa não estão resíduos perigosos nem metais pesados, mas “matéria orgânica”, sugerindo que “uma boa parte” poderia ser utilizada pelos municípios para “enriquecer terrenos pobres”. Indicou que, após retiradas do rio e secas, as lamas serão canalizadas para um aterro.
No total estão já identificados cerca de 31 mil metros cúbicos de resíduos orgânicos no fundo do Tejo, no troçoVilaVelha de Ródão-Belver, os quais resultam do acumular de matéria proveniente das empresas de celulose, e que ficam depositados no fundo do rio devido à reduzida velocidade das águas. A necessidade de retirar as lamas é justificada pelo ministro – que citou resultados de uma prospeção da Agência Portuguesa do Ambiente – devido à “elevada carga orgânica que comportam” e aos seus efeitos na oxigenação da água, que contribui para a deterioração da sua qualidade.
Este processo, que vai custar 1,5 milhões de euros e está nas mãos da Empresa Portuguesa das Águas Livres, vai ser faseado. Num primeiro momento vão ser retirados 17 mil metros cúbicos em frente ao cais fluvial de Vila Velha de Ródão e no cais do Conhal do Arneiro. A segunda fase, para as restantes lamas (14 mil metros cúbicos) ainda não tem data definida. SÍLVIA FRECHES com Lusa