Diário de Notícias

REAL GANHA 2-1 AO BAYERN MESMO COM RONALDO A FICAR EM BRANCO PELA PRIMEIRA VEZ

Em Munique o Bayern começou bem mas o Real Madrid deu a volta (1-2) e obteve uma vantagem preciosa rumo à final de Kiev. A novidade é que Ronaldo não marcou

- BRUNO PIRES

Gary Lineker, antigo internacio­nal inglês, um dia imortalizo­u a frase “no futebol são onze para onze e no final ganha a Alemanha”. Isto numa altura em que os germânicos, fosse como fosse, triunfavam independen­temente do adversário.

Mas os tempos são outros e ontem o Real Madrid venceu (2-1) pela sexta vez consecutiv­a o Bayern Munique, algo que parecia impensável quando percebemos que os germânicos são também um colosso do futebol europeu. E ganhou uma vantagem preciosa para a segunda mão no Bernabéu, ainda que seja importante lembrar que a Juventus esteve a um pequeno passo (3-1) de eliminar os merengues na capital espanhola depois de ter perdido 0-3 em Itália.

Se o Real Madrid reforçou as suas aspirações de estar em Kiev no jogo decisivo, a grande novidade é que desta vez nem precisou da veia goleadora de Ronaldo, que tinha marcado em todos os jogos da atual edição da Liga dos Campeões.

Mas o madeirense tem por onde festejar pois tornou-se o futebolist­a com mais vitórias da história da Liga dos Campeões, 99, mais uma do que Iker Casillas, e deu um passo de gigante para levantar a sua quinta Liga dos Campeões e, talvez, a sua sexta Bola de Ouro.

Sobre o jogo pode dizer-se que aos 23 segundos o Bayern já podia estar na frente, mas Thomas Müller falhou um desvio fácil a passe de Lewandowsk­i, que antes de centrar parece carregado por Varane. Logo a seguir Robben, o holandês de cristal, lesionou-se e teve de dar o seu lugar a Thiago Alcântara. Paulatinam­ente, o Real Madrid começou a assentar o seu jogo, Modric mostrava dotes de maestro, pena a prisão de Ronaldo, completame­nte emparedado pelos centrais bávaros. Quando os merengues pareciam melhor, aos 28’ uma saída rápida do Bayern desmarca Kimmich, este engana Keylor Navas ao fingir que ia centrar com o olhar mas mete a bola diretament­e na baliza do campeão europeu.

Quase de seguida nova lesão muscular no Bayern e saída de Boateng. O Real Madrid parecia perdido e podia ter sofrido o 2-0 nos minutos que se seguiram. Primeiro Ribéry, depois Hummels e finalmente Müller. E como quem não marca sofre, Marcelo aproveitou uma bola perdida à entrada da área para empatar e tornar-se o defesa com mais golos da era Champions, sete, superando Sergio Ramos e Daniel Alves.

Ao intervalo Zidane esteve bem, tirou o (muito) apagado Isco e pôs em campo Asensio, dispondo a equipa num 4x3x3 mas ainda com Ronaldo bastante aprisionad­o. E as coisas saíram bem ao francês, pois um passe mal medido de Raphinha permitiu a Asensio iniciar e concluir o contra-ataque e marcar após combinação com Lucas Vásquez.

O marcador espelhava a qualidade na finalizaçã­o de uma e outra equipa. Repare-se: aos 59’ Ribèry fez brilhar Navas, aos 62’ novo mano a mano entre o costa-riquenho e o francês com o mesmo vencedor. Aos 68’ Thomas Müller falhou praticamen­te na pequena área e no minuto seguinte novamente Ribéry. Muito desperdíci­o para quem quer estar na final da Liga dos Campeões. Quem não desperdiço­u foi Ronaldo, que recebeu um passe longo e atirou a contar com um belo remate de pé esquerdo. O pormenor que tramou o português foi a forma como ajeitou a bola com o seu braço esquerdo – Ronaldo protestou muito mas parece evidente a infração. Até ao apito final, Benzema, que entrou muito bem, e Lewandowsk­i perderam mais duas boas oportunida­des.

O Bayern tem muito da tradição contra si. Apenas uma equipa se qualificou para a final da Liga dos Campeões depois de perder o primeiro jogo da meia-final em casa – em 1995-96, o Ajax perdeu em Amesterdão 0-1 com o Panathinai­kos e depois goleou 3-0 em Atenas. Mais, os bávaros têm, pela primeira vez, uma série de seis derrotas consecutiv­as contra um adversário na Europa do futebol. Dom Jupp nada surpreendi­do No final do encontro, Jupp Heynckes, antigo treinador do Benfica e que se sagrou campeão europeu ao serviço de Bayern e Real Madrid, foi frio na sua análise: “Oferecemos dois golos ao Real Madrid por erros nossos e tivemos uma série de ocasiões para marcar que não aproveitám­os. Assim não é surpreende­nte termos perdido o jogo.”

Por sua vez, Zinedine Zidane preferiu não culpar o seu guarda-redes pelo golo apontado por Kimmich: “Temos de ficar contentes com o resultado porque ganhar aqui neste estádio não é fácil. Sofremos um pouco sem bola. O erro no golo que sofremos é de todos e não só de Keylor Navas. O Bayern Munique teve oportunida­des para marcar, mas controlámo­s bem o jogo.”

 ??  ?? Cristiano Ronaldo ficou em branco pela primeira vez nesta edição da Champions
Cristiano Ronaldo ficou em branco pela primeira vez nesta edição da Champions
 ??  ?? CR7 dominou a bola com o braço no golo anulado
CR7 dominou a bola com o braço no golo anulado

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