Diário de Notícias

Paulo Geisler “Uma primeira impressão que dificilmen­te se esquece”

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A Associação Representa­tiva de Companhias Aéreas em Portugal lamenta que as demoradas esperas nas filas de controlo de passaporte no aeroporto de Lisboa se tenham tornado um “problema recorrente”. Paulo Geisler, presidente da direção desta associação e representa­nte da Lufthansa, a companhia de bandeira alemã, diz que prejudica a imagem do turismo que se quer promover no nosso país. As companhias aéreas que representa têm manifestad­o algum descontent­amento com as demoras nas chegadas ao aeroporto de Lisboa? Sim. Tem sido um problema recorrente na operação do aeroporto de Lisboa em nada condizente com aquilo que o destino Portugal hoje representa para turistas e visitantes em geral. Em muitos casos, é uma primeira impressão que dificilmen­te ou nunca se esquece, o que é pena porque só prejudica o esforço que os restantes operadores estão a fazer. Qual a imagem e as informaçõe­s que tem neste momento sobre este problema? O que poderá estar a falhar? A imagem que temos é a que é visível a todos os que ali passem em algumas manhãs: filas, longas filas e muita espera no controlo de segurança (passaporte­s). O que está a falhar não sabemos ao certo, porque temos lido respostas contraditó­rias. Mas algo está a falhar e terá de ser revisto por parte de quem tem responsabi­lidade (governo e SEF, por se tratar de matéria de segurança, e a ANA, enquanto concession­ária). Que impacto tem esta situação nas companhias? Muito negativo, mas, mais do que para as companhias, tem impacto negativo para Portugal porque prejudica o destino a dois níveis: como porta de entrada e como porta giratória. Nos voos de ligação, por exemplo, é impossível planear conexões rápidas se um passageiro fica retido duas horas na fila de espera para controlo de passaporte. Ninguém quer voos de ligação com espera superior a três horas se sabe que pode conseguir menos tempo em Madrid, Londres ou Paris, por exemplo. Há casos de pessoas que perdem os voos de ligação? Sim, temos relatos de várias companhias associadas que têm sido obrigadas a procurar alternativ­as para os passageiro­s em voos mais tarde porque não conseguira­m passar o controlo de segurança atempadame­nte. Isto sucede muito no início da manhã, que é o período de maior afluência. Quais têm sido os voos mais afetados e qual a sua importânci­a para o turismo? Essencialm­ente os que transporta­m viajantes não europeus ou passageiro­s provenient­es de países fora do espaço Schengen. Que impacto teve o anunciado reforço de inspetores do SEF? Sabemos que está a ser feito uma monitoriza­ção mais rigorosa dos tempos de espera e fomos informados de que era essa a intenção. O eco que temos é de que “estrutural­mente” o problema se mantém, sem prejuízo de poder haver melhorias pontuais. O problema é que por via do sistema de slots que existe a nível mundial e de operação global (isto é assim em todo o lado, não se planeia uma operação só em Portugal), o período de pico para a chegada destes passageiro­s é ao início da manhã. Os turnos e a afetação de profission­ais devem ser feitos em função das necessidad­es de serviço e da maior afluência de passageiro­s. De nada interessa ter mais efetivos ao serviço nos períodos de maior acalmia. Como pensa que poderia ser solucionad­o este problema? Nós somos utilizador­es do aeroporto tal como os passageiro­s. Utilizador­es que pagam – e pagam muito em Lisboa – para poder usufruir de um serviço aeroportuá­rio. O que queremos é que esse serviço seja eficiente e que haja resultados que, no caso, são fáceis de medir: tempos de espera mais reduzidos na fila de controlo de passaporte. Tão simples quanto isto. V.M.

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Paulo Geisler, presidente da Associação Representa­tiva das Companhias Aéreas em Portugal

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