“Fortaleza do Marítimo” é obstáculo para o título portista
“Ambiente e clima” dos Barreiros têm feito dos Barreiros um palco maldito para os dragões, que não vencem lá há seis anos
Com três jornadas por disputar e dois pontos a separar FC Porto e Benfica – com vantagem azul e branca no confronto direto –, as grandes esperanças dos benfiquistas e os principais receios dos portistas residem sobretudo na visita dos dragões ao Marítimo no domingo (18.00), nos Barreiros, um palco onde os dragões não vencem há precisamente seis anos.
Desde que Hulk apontou dois golos de grande penalidade aos insulares numa vitória por 2-0 a 28 de abril de 2012 (ver fotolegenda), o clube da Invicta visitou por seis vezes (cinco para o campeonato e uma na Taça da Liga) o reduto maritimista, tendo saído de lá com três empates e outras tantas derrotas, e sempre com golos sofridos.
Embora as dificuldades portistas no Caldeirão sejam crónicas, o antigo capitão maritimista João Diogo diz que “todas as equipas que vão aos Barreiros sentem dificuldades, devido ao ambiente à volta e ao clima”. “É a fortaleza do Marítimo”, frisou o lateral/extremo-direito ao DN.
O futebolista dos romenos do Gaz Metan, 30 anos, que esteve em quatro das seis últimas deslocações dos dragões ao território verde-rubro, garante que “não há nada de especial contra o FC Porto” e lembra que o “Benfica não passou nos Barreiros nas últimas duas épocas”. “Jogar com os três grandes traz sempre motivação. São jogos grandes, toda a gente está a ver e o estádio enche. O ambiente é outro, mas é sempre complicado ir lá jogar”, considera o jogador madeirense, que representou a equipa principal do Marítimo em 115 partidas, depois de ter feito toda a formação no clube. Obras aqueceram Caldeirão Remodelado entre 2009 e 2016, o Estádio dos Barreiros perdeu a pista de atletismo, mas ganhou mais conforto para os adeptos e proximidade entre bancadas e relvado, aspetos positivos que se vão refletindo no desempenho da equipa da casa. Logo no jogo da reinauguração, o Marítimo bateu o Benfica por 2-1, em partida da I Liga disputada a 2 de dezembro de 2016. Daí para cá, apenas duas derrotas no campeonato em encontros no Caldeirão, ambas já neste ano, diante de Desp. Chaves (1-2) e Portimonense (0-3). Pelo meio, um empate com o Sporting (2-2) em janeiro do ano passado e uma vitória sobre o Sp. Braga (1-0) há pouco mais de quatro meses.
“Antigamente, as bancadas ficavam mais longe do relvado. Agora ficam mais perto e sente-se mais o ambiente. Melhorando as condições, os adeptos vão mais ao estádio. É mais atrativo. Ainda por cima, o Marítimo tem estado bem nas últimas temporadas, tem lutado pela Liga Europa. O ambiente entre adeptos e jogadores é melhor. Só joguei lá com o estádio acabado pelo Belenenses, mas senti mais calor humano. É muito bom para os jogadores do Marítimo”, realçou João Diogo, titular nas vitórias sobre o FC Porto para o campeonato em 2013-14 e 2014-15 (ambas por 1-0) e para a Taça da Liga em 2014-15 (2-1) – e suplente não utilizado no empate a um golo em 2012-13.
Agora, dois anos depois de ter deixado o clube do coração, o lateral/extremo aposta em novo triunfo dos insulares. “O Marítimo também precisa de ganhar, para ir à Liga Europa, e aposto numa vitória por 2-1”, perspetivou o antigo jogador maritimista, que acredita que o histórico pode pesar no subconsciente dos craques portistas. “Acredito que o FC Porto vai querer entrar forte. Se as coisas não lhes correrem bem logo de início, essas recordações vêm à cabeça dos jogadores e a pressão aumenta”, considerou o futebolista natural do Funchal.
Ainda assim, João Diogo rejeita a ideia de que uma vitória dos dragões nos Barreiros estende a passadeira ao FC Porto rumo ao título nacional. “Existe essa ideia porque jogar nos Barreiros é tradicionalmente difícil, mas o que tenho visto é que é difícil passar em todos os campos. O Benfica só passou em Setúbal e no Estoril nos últimos minutos, e o FC Porto também tem sentido dificuldades. Em casa deles é que é sempre mais fácil, mas fora está mais complicado do que há uns anos”, afirmou o jogador, que chegou à Roménia em janeiro mas que vai terminar contrato no final da temporada. Quando Marega tramou o FC Porto Entre os carrascos do FC Porto nos últimos seis jogos nos Barreiros está um avançado maliano chamado Moussa Marega, que jogou no Marítimo entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, tendo faturado por 15 vezes em 34 encontros ao serviço dos verde-rubros. O avançado maliano marcou o golo da vitória dos insulares sobre os portistas a 2 de abril de 2015, nas meias-finais da Taça da Liga (2-1), num jogo em que Danilo Pereira alinhou pelos madeirenses e Marcano, Óliver Torres, Ricardo Pereira, Hernâni, Aboubakar, Gonçalo Paciência e Brahimi pelos azuis e brancos.
Hoje, Marega é um dos principais destaques do FC Porto, num plantel que contempla alguns dos seus adversários nessa noite, e o melhor marcador da equipa portista no campeonato, com 21 golos apontados. O desempenho do maliano na equipa de Sérgio Conceição está a fazer furor, mas não surpreende João Diogo. “Quando o Marega chegou à Madeira, começou logo a fazer golos e a mostrar o seu futebol. É veloz e tem grande capacidade de finalização. Fez um grande trabalho no Marítimo e no Vitória de Guimarães e está agora a mostrar o que vale no FC Porto. É um autêntico matador”, elogiou o antigo companheiro do africano.