Diário de Notícias

“Fortaleza do Marítimo” é obstáculo para o título portista

“Ambiente e clima” dos Barreiros têm feito dos Barreiros um palco maldito para os dragões, que não vencem lá há seis anos

- DAVID PEREIRA

Com três jornadas por disputar e dois pontos a separar FC Porto e Benfica – com vantagem azul e branca no confronto direto –, as grandes esperanças dos benfiquist­as e os principais receios dos portistas residem sobretudo na visita dos dragões ao Marítimo no domingo (18.00), nos Barreiros, um palco onde os dragões não vencem há precisamen­te seis anos.

Desde que Hulk apontou dois golos de grande penalidade aos insulares numa vitória por 2-0 a 28 de abril de 2012 (ver fotolegend­a), o clube da Invicta visitou por seis vezes (cinco para o campeonato e uma na Taça da Liga) o reduto maritimist­a, tendo saído de lá com três empates e outras tantas derrotas, e sempre com golos sofridos.

Embora as dificuldad­es portistas no Caldeirão sejam crónicas, o antigo capitão maritimist­a João Diogo diz que “todas as equipas que vão aos Barreiros sentem dificuldad­es, devido ao ambiente à volta e ao clima”. “É a fortaleza do Marítimo”, frisou o lateral/extremo-direito ao DN.

O futebolist­a dos romenos do Gaz Metan, 30 anos, que esteve em quatro das seis últimas deslocaçõe­s dos dragões ao território verde-rubro, garante que “não há nada de especial contra o FC Porto” e lembra que o “Benfica não passou nos Barreiros nas últimas duas épocas”. “Jogar com os três grandes traz sempre motivação. São jogos grandes, toda a gente está a ver e o estádio enche. O ambiente é outro, mas é sempre complicado ir lá jogar”, considera o jogador madeirense, que represento­u a equipa principal do Marítimo em 115 partidas, depois de ter feito toda a formação no clube. Obras aqueceram Caldeirão Remodelado entre 2009 e 2016, o Estádio dos Barreiros perdeu a pista de atletismo, mas ganhou mais conforto para os adeptos e proximidad­e entre bancadas e relvado, aspetos positivos que se vão refletindo no desempenho da equipa da casa. Logo no jogo da reinaugura­ção, o Marítimo bateu o Benfica por 2-1, em partida da I Liga disputada a 2 de dezembro de 2016. Daí para cá, apenas duas derrotas no campeonato em encontros no Caldeirão, ambas já neste ano, diante de Desp. Chaves (1-2) e Portimonen­se (0-3). Pelo meio, um empate com o Sporting (2-2) em janeiro do ano passado e uma vitória sobre o Sp. Braga (1-0) há pouco mais de quatro meses.

“Antigament­e, as bancadas ficavam mais longe do relvado. Agora ficam mais perto e sente-se mais o ambiente. Melhorando as condições, os adeptos vão mais ao estádio. É mais atrativo. Ainda por cima, o Marítimo tem estado bem nas últimas temporadas, tem lutado pela Liga Europa. O ambiente entre adeptos e jogadores é melhor. Só joguei lá com o estádio acabado pelo Belenenses, mas senti mais calor humano. É muito bom para os jogadores do Marítimo”, realçou João Diogo, titular nas vitórias sobre o FC Porto para o campeonato em 2013-14 e 2014-15 (ambas por 1-0) e para a Taça da Liga em 2014-15 (2-1) – e suplente não utilizado no empate a um golo em 2012-13.

Agora, dois anos depois de ter deixado o clube do coração, o lateral/extremo aposta em novo triunfo dos insulares. “O Marítimo também precisa de ganhar, para ir à Liga Europa, e aposto numa vitória por 2-1”, perspetivo­u o antigo jogador maritimist­a, que acredita que o histórico pode pesar no subconscie­nte dos craques portistas. “Acredito que o FC Porto vai querer entrar forte. Se as coisas não lhes correrem bem logo de início, essas recordaçõe­s vêm à cabeça dos jogadores e a pressão aumenta”, considerou o futebolist­a natural do Funchal.

Ainda assim, João Diogo rejeita a ideia de que uma vitória dos dragões nos Barreiros estende a passadeira ao FC Porto rumo ao título nacional. “Existe essa ideia porque jogar nos Barreiros é tradiciona­lmente difícil, mas o que tenho visto é que é difícil passar em todos os campos. O Benfica só passou em Setúbal e no Estoril nos últimos minutos, e o FC Porto também tem sentido dificuldad­es. Em casa deles é que é sempre mais fácil, mas fora está mais complicado do que há uns anos”, afirmou o jogador, que chegou à Roménia em janeiro mas que vai terminar contrato no final da temporada. Quando Marega tramou o FC Porto Entre os carrascos do FC Porto nos últimos seis jogos nos Barreiros está um avançado maliano chamado Moussa Marega, que jogou no Marítimo entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, tendo faturado por 15 vezes em 34 encontros ao serviço dos verde-rubros. O avançado maliano marcou o golo da vitória dos insulares sobre os portistas a 2 de abril de 2015, nas meias-finais da Taça da Liga (2-1), num jogo em que Danilo Pereira alinhou pelos madeirense­s e Marcano, Óliver Torres, Ricardo Pereira, Hernâni, Aboubakar, Gonçalo Paciência e Brahimi pelos azuis e brancos.

Hoje, Marega é um dos principais destaques do FC Porto, num plantel que contempla alguns dos seus adversário­s nessa noite, e o melhor marcador da equipa portista no campeonato, com 21 golos apontados. O desempenho do maliano na equipa de Sérgio Conceição está a fazer furor, mas não surpreende João Diogo. “Quando o Marega chegou à Madeira, começou logo a fazer golos e a mostrar o seu futebol. É veloz e tem grande capacidade de finalizaçã­o. Fez um grande trabalho no Marítimo e no Vitória de Guimarães e está agora a mostrar o que vale no FC Porto. É um autêntico matador”, elogiou o antigo companheir­o do africano.

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