Sinais de frustração sexual mesclaram-se com avisos de que a esquerda liberal tentava destruir a masculinidade ocidental e geraram uma tempestade perfeita
A estratégia da Alt-Right No rescaldo da eleição de Donald Trump, a Vox fez um trabalho de fundo sobre a forma como a Alt-Right usou sexismo para atrair homens para a ideologia da supremacia branca e convencê-los de que tinham de votar no candidato republicano. O antifeminismo serviu como “porta de entrada” para uma ideologia radicalizada e normalizada nas franjas da internet, do Reddit ao 4chan. A escritora Siyanda Mohutsiwa, que seguiu a génese do movimento, explicou na sua conta do Twitter que a fórmula de doutrinação usada pela Alt-Right foi a ideia de que estava na altura de os homens voltarem a ser homens, e Trump representava esse regresso a uma masculinidade considerada em perigo.
Os sinais de frustração sexual mesclaram-se com avisos de que a esquerda liberal estava a tentar destruir a masculinidade ocidental e geraram uma tempestade perfeita na Manosphere, que apesar de ter elementos contraditórios também partilha valores comuns. O início, quase sempre, é a procura de outros homens que pensam como eles ou podem ajudá-los. “Estes espaços fomentam o tipo de amizade masculina cuja importância não recebe muita atenção no mundo real”, escreveu a Vox.
Ao ler as publicações nos fóruns frequentados pela Alt-Right, é possível perceber que os homens são encorajados a olhar para as mulheres como alvos sexuais e políticos que devem ser dominados. A ideia é que estão a defender-se da emasculação, o que explica porque é que Hillary Clinton foi enquadrada como uma ameaça à masculinidade, junto com os “guerreiros da justiça social” e o “feminismo de terceira vaga.”
“Jovens homens chegaram a estes grupos online à procura de dicas sobre como seduzir miúdas”, disse Siyanda Mohutsiwa, “e saíram deles a acreditar que tinham a responsabilidade de salvar a civilização ocidental”. A.R.G.