Diário de Notícias

Marcelo ajudou a pôr o Porto no mapa do surf nacional

Liga MEO. Treinador, surfista, organizado­r de eventos, Marcelo Martins é o cicerone por excelência para a etapa da MEO que se realiza na Invicta

- PEDRO MIGUEL NEVES

A uma semana do Renault Porto Pro, segunda etapa da Liga MEO Surf 2018, fomos falar com Marcelo Martins. Homem dos sete instrument­os do surf nacional, foi competidor (retirado), treinador, organizado­r de eventos e conhece como ninguém o mar do Porto.

Marcelo é uma espécie de canivete suíço, nascido em Lisboa mas portuense adotado. “Fui para o Porto para estudar na Faculdade de Desporto e o surf acabou por me fazer ficar”, explica o entusiasta do desporto em geral, que percebeu o enorme potencial então inexplorad­o no Porto, há cerca de 20 anos.

“Comecei a surfar no Algarve, o que é um pouco estranho, porque não foi na costa oeste, mas na praia da Oura, em Albufeira. Ia com os pais para lá, no verão, e aproveitan­do as raras ondulações do Levante lá ia fazendo umas ondas. Levava a prancha para baixo e, num mês, surfava dois ou três dias”, referiu.

Foi o suficiente para apanhar o bichinho do surf, que o levou depois a procurar os habituais spots à volta de Lisboa e, com a mudança de destino de férias da família, a alcançar a “maturidade” surfística em Santa Cruz. “Santa Cruz, Ericeira, Peniche, enfim, fazia toda a A8 à procura de ondas boas e fui evoluindo. Mas Santa Cruz era a base, onde passava as férias”, recorda.

Mas se o sacrossant­o eixo do surf nacional que tem na A8 o seu fio condutor foi fundamenta­l para a sua formação, a base, mais uma vez insuspeita, foi... Alhandra. “Vivia em Alhandra, perto de Vila Franca de Xira. E nesses tempos, naquele tipo de terra, os jovens tinham duas saídas para se ocupar nos tempos livres: o desporto ou a má vida. Felizmente, eu e os meus amigos preferimos o desporto e foi assim que conheci grandes atletas como o Rui Câncio, campeão de canoagem, entre outros. Cresci nesse ambiente e fui formatado nessa cultura que me levou a querer seguir o desporto”, recorda.

Mais uma vez, o caminho foi cheio de curvas: falhou a entrada “por uma décima” na Faculdade de Motricidad­e Humana, foi estudar realização e encontrou emprego como assistente de realização num canal de televisão privado: “Não era vida para mim. Passar horas fechado em estúdios estava a matar-me, por isso fui para a Faculdade de Desporto, no Porto.”

No Porto descobriu uma cena de surf praticamen­te virgem e ondas sem ninguém. Uma oportunida­de que não desperdiço­u, prosseguin­do com as aulas de surf que já dava em Santa Cruz, mas não só: “Percebi que podia ter um papel a desempenha­r na promoção do surf no Porto, não só a dar aulas mas também como organizado­r de eventos, quando me envolvi no TMN Pro, há dez anos. Uma etapa do Nacional que era mais do que um campeonato, tinha também uma série de eventos paralelos de animação e convívio que traziam pessoas fora do core do surf que queriam estar em contacto com a cena do surf.” Espetáculo garantido Essa fórmula que trazia o surf para o main stream é hoje replicada com sucesso em toda a Liga MEO Surf, e Marcelo assiste com prazer a uma Liga que é unanimemen­te considerad­a uma das melhores do mundo. “A estrutura e a máquina de comunicaçã­o da Liga MEO é superior a muitos QS que vimos pelo mundo, e o nível de competição excelente”, elogia.

Mas e quanto a este Renault Porto Pro o que esperar? “É uma prova que vai ser um contraste absoluto com aquilo que se viveu na etapa da Ericeira; mar mais pequeno, em fundo de areia, e que vai dar oportunida­de a outro tipo de surf. E os fundos na praia Internacio­nal estão excelentes, o que vai permitir a formação de muito boas ondas.”

E neste cenário quem são os candidatos? “O Vasco Ribeiro está a recuperar de uma lesão mas não pode ser descartado. Mas também oVon Rupp, o Zubizarret­a, o Miguel Blanco, que ganhou na Ericeira, o Tomás Fernandes, o Eduardo Fernandes ou o Luís Perloiro, que está numa grande forma, podem chegar ao pódio. Para não falar no João Guedes, do Porto, que apesar de estar a viver na Ericeira é bem recebido aqui e pode fazer mossa. Uma coisa posso garantir: com estas condições e surfistas vamos ter espetáculo.”

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Marcelo Martins começou a surfar na praia da Oura, no Algarve

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