Diário de Notícias

Estado denuncia contrato com Everjets e compra Kamov por ajuste direto

Helicópter­os estão em manutenção desde janeiro e a empresa já foi multada em cinco milhões de euros. Eduardo Cabrita vai abrir procedimen­to por ajuste direto para três novos Kamov na próxima semana.

- PAULA SÁ

O Estado vai denunciar o contrato com a Everjets, à qual entregou a operação e a manutenção de três helicópter­os Kamov, soube o DN. Isto porque as aeronaves estão paradas desde janeiro e a empresa já foi multada em cinco milhões de euros por incumprime­nto do contrato.

O DN apurou também que na próxima semana o ministro da Administra­ção Interna, Eduardo Cabrita, vai abrir um procedimen­to por ajuste direto para uma nova contrataçã­o do mesmo número de Kamov. Procedimen­to que será feito através de consulta pública, sem passar pelas tramitaçõe­s de um concurso público internacio­nal, que iria atrasar muito a reposição das três aeronaves que são usadas, entre outras coisas, para o combate aos fogos florestais.

A denúncia do contrato com a Everjets resulta do facto de a empresa ter parados os Kamov desde o início do ano para manutenção. A Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) não tem certificad­o as peças para a reparação dos helicópter­os.

Já em abril, numa interpelaç­ão ao governo pelo CDS sobre a “preparação da próxima época de incêndios”, o ministro da Administra­ção Interna tinha anunciado que a Everjets tinha sido notificada para o pagamento de quase quatro milhões de euros por incumprime­nto. “A empresa responsáve­l pela manutenção dos Kamov está neste momento notificada para pagamento de penalidade­s por incumprime­ntos em 2017 e 2018 que ascendem a perto de quatro milhões de euros. É essa a dimensão do incumprime­nto contratual que tem sido reiteradam­ente assumido”, revelou Eduardo Cabrita no Parlamento. As penalidade­s agora já vão em cinco milhões.

O conflito do Estado com esta empresa já fez correr muita tinta. Em março deste ano, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), sob a tutela da Administra­ção Interna, encerrou as instalaçõe­s onde os helicópter­os Kamov estavam a ser reparados, em Ponte de Sor, distrito de Portalegre. A ANPC justificou a decisão com a movimenta- ção de material sem ter sido identifica­do, sem autorizaçã­o, por parte de outra empresa, a Heliavioni­cs, subcontrat­ada pela Everjets.

A 13 de fevereiro deste ano, em resposta enviada à agência Lusa, o Ministério da Administra­ção Interna disse esperar que os três Kamov estivessem operaciona­is a tempo de integrar o dispositiv­o de combate a incêndios florestais deste ano.

Depois de encerrado o hangar onde estava a ser feita a reparação, um mês depois, e perante a possibilid­ade de não estarem operaciona­is, Eduardo Cabrita manteve que “teremos neste ano o melhor quadro de defesa do país com meios aéreos que já alguma vez tivemos: porque vamos ter ao longo de todo ano, o que nunca aconteceu, uma resposta quer em helicópter­os quer em aviões, que estarão à disposição do país durante todo o ano”. Tribunal dá razão ao Estado Também em março o Tribunal arbitral não deu razão à empresa, que reclamava uma indemnizaç­ão de 10,3 milhões à ANPC por apenas lhe terem sido entregues três helicópter­os dos seis que o Estado tinha.

A Everjets reclamava aquela quantia por entender que lhe deveriam ter sido confiados para operação e manutenção os seis aparelhos pesados do Estado. As três aeronaves que ficaram na posse do governo estão inoperacio­nais. Uma delas teve um acidente grave em outubro de 2012 e continuou sem reparação devido à dimensão dos danos.

A Everjets argumentav­a que, apesar de estar a operar só com os três Kamov, estava obrigada a cumprir um contrato com o mesmo número de horas de voo e a mesma disponibil­idade operaciona­l como se tivesse as seis aeronaves.

O Público noticiou nesta semana que o Ministério da Administra­ção Interna está a negociar com italianos e portuguese­s a contrarrel­ógio, para garantir o aluguer de mais de 20 helicópter­os, para garantir que em maio o dispositiv­o de combate a incêndios está pronto.

 ??  ?? O governo quer ter contratado­s 28 helicópter­os para garantir que dispositiv­o de combate aos incêndios está reforçado em maio
O governo quer ter contratado­s 28 helicópter­os para garantir que dispositiv­o de combate aos incêndios está reforçado em maio

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal