Diário de Notícias

Porto a um ponto do título. Todas as contas até ao fim do campeonato

Com paciência e sofrimento, dragões ganharam ( por fim) em casa do Marítimo e ficaram a um ponto da conquista do campeonato

- RUI MARQUES S I MÕES

O técnico do FC Porto, Sérgio Conceição, não quis fazer do jejum de triunfos em casa do Marítimo “um bicho- papão”. No entanto, ele lá estava, a assombrar os dragões, até ao momento em que Marega afastou os fantasmas com uma cabeçada certeira. O avançado maliano derrubou- o com a convicção com que se conquistam campeonato­s: com o seu golo, à beira do fim, ontem, os portistas venceram os madeirense­s ( 0- 1) e ficaram a um ponto da conquista da I Liga ( cinco anos depois). A derrota caseira do Benfica com o Tondela ( 2- 3) precipitou as contas, retirando pressão mas redobrando o carácter decisivo da visita dos portistas ao Estádio dos Barreiros, onde não venciam há seis partidas, desde 28 de abril de 2012. Com paciência e sofrimento, o FC Porto ganhou, por fim, no recinto do Marítimo. E ficou muito perto de se sagrar campeão: com cinco pontos de avanço sobre Benfica e Sporting, a duas jornadas do fim, os dragões podem fazer a festa no sábado, se houver empate no dérbi entre leões e águias, ou no domingo, bastando- lhes pontuar na receção ao Feirense.

Ainda assim, para garantir uma margem tão confortáve­l na frente da I Liga, o FC Porto teve de derrubar o tal “bicho- papão” que Sérgio Conceição garantira não assombrar as visitas dos portistas ao Marítimo (“não temos de fazer disto – perdoem a expressão – um ‘ bicho- papão’; nem a estatístic­a, nem a história jogam”, disse o treinador, na conferênci­a de imprensa de antevisão da partida). Isso não foi nada fácil, mesmo jogando mais de uma parte contra uma equipa reduzida a dez. Todavia, à beira do fim, Marega materializ­ou o domínio absoluto dos dragões ( 3- 18 em remates).

O Marítimo – a precisar de pontos, para se manter na luta pelo 5. º lugar e eventual qualificaç­ão para as provas europeias ( perdeu terreno para o Rio Ave) – apostava na contenção, com bloco baixo, miolo povoado e contra- ataques rápidos. E, com o FC Porto a mostrar alguma dificuldad­e na circulação de bola e falta de clarividên­cia no último terço de terreno, os madeirense­s equilibrar­am a partida, até ao minuto 41.

Se o primeiro lance de perigo foi dos azuis e brancos ( Amir Abedzadeh afastou com uma sapatada um remate rasteiro de Soares, aos 2’), o segundo foi dos verde- rubros ( Casillas travou uma cabeça de Jean Cléber, aos 12’). O guarda- redes do Marítimo travou todas as tentativas portistas, até sobressair pela negativa: aos 41’, viu cartão vermelho direto, por ceifar Soares, que se preparava para entrar na área insular, em posição frontal à baliza. Nesse momento, acabou a ambição ofensiva dos madeirense­s, reduzidos a dez jogadores e desfalcado­s de Jean Cléber ( que saiu para a entrada do guardião suplente, Charles).

A segunda parte foi jogada quase integralme­nte no meio- campo madeirense, mas o “papão” resistiu de pé quase até final da partida. Mais dominador e testando sucessivas soluções para tentar criar desequilíb­rios na organizada defesa maritimist­a ( entraram Corona e Óliver Torres, para os lugares dos pouco inspirados Otávio e Sérgio Oliveira), o FC Porto apertou o cerco, mas mostrou demasiada ansiedade. Primeiro Charles desviou dois remates perigosos, de Sérgio Oliveira e Otávio ( 48’ e 58’); depois Brahimi ( 58’) e Soares ( 67’ e 75’) desperdiça­ram as raras ocasiões criadas.

Todavia, a intensa pressão dos dragões acabou por dar resultado: aos 89’, o inconforma­do Marega cabeceou sem hipóteses para Charles, após um pontapé de canto batido por Alex Telles. Depois, Rúben Ferreira ainda foi expulso ( por travar Gonçalo Paciência, que se isolava em contra- ataque), mas o resultado já estava fechado e a festa portista ficava lançada: derrubado o “papão”, está aberto o caminho para o título.

“Atuámos praticamen­te na metade ofensiva, a criar oportunida­des atrás de oportunida­des, e chegámos ao golo merecido”

SÉRGIO CONCEIÇÃO

TREINADOR DO FC PORTO “Foi um bom jogo e desde cedo se percebeu que íamos discutir o resultado. Um empate teria sido um bom e justo prémio para os jogadores”

DANIEL RAMOS

TREINADOR DO MARÍTIMO

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O lance com Soares que custou a expulsão ao guarda- redes Amir

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