Diário de Notícias

Única instrutora na aviação civil do Dubai é portuguesa

Piloto, formada em Aeronáutic­a, Sandra Lira ensina a voar nos Emirados Árabes Unidos

- Lusa

Sandra Lira é a única portuguesa e a única mulher instrutora na aviação civil no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos ( EAU), ao serviço da Alpha Aviation Academy ( AAA), escola que forma pilotos para a companhia low cost Air Arabia. “Sou a única mulher, e portuguesa, a dar instrução na aviação civil no Dubai, na Alfa Aviation Academy, onde tenho contrato de exclusivid­ade”, disse à Lusa.

Nascida na África do Sul, em Pietermari­tzburg, Kwazulu, Natal, Sandra Lira é filha de pais madeirense­s – o pai, natural da Ponta do Sol, foi assassinad­o naquele país na década de 1990, e a mãe é de Santo António, uma das dez freguesias do concelho do Funchal. Aos 8 anos, foi para a Madeira, onde estudou e se formou em Matemática, que lecionou depois durante alguns anos numa escola secundária do Funchal. Durante esse tempo, conseguiu amealhar dinheiro suficiente para partir para Lisboa, especializ­ar- se superiorme­nte na sua área de formação e estudar numa academia de aviação civil, a Aerocondor, para realizar um dos seus sonhos: ser piloto de linha aérea.

Enquanto estudava para piloto na Aerocondor, deu aulas de Matemática e de Física naquela academia e lecionou também Matemática no ISEC – Instituto Superior de Educação e Ciências. Em 2012, licenciou- se em Ciências Aeronáutic­as na Universida­de Lusófona de Humanidade­s e Tecnologia­s de Lisboa, entre 2014 e 2016 exerceu funções como instrutora da Aeronautic Web Academy e em 2016 tornou- se instrutora exclusiva na escola de aviação portuguesa G Air, acumulando funções na base do Dubai, na Emirates Aviation University. Em setembro de 2016 foi então contratada, em exclusivid­ade, para a AAA, no Dubai, onde vive desde então.

“Dava aulas na G. Air, escola que tinha um acordo com a Emirates Aviation University, onde ia também dar aulas”. conta. Foi nesse contacto que recebeu “duas propostas de trabalho, acabando por aceitar uma delas” e enfrentar novos desafios. “O que custa mais é ganhar novos hábitos, novas rotinas, sem ter aquela base importante que é a família”, afirmou, reconhecen­do, contudo, que, se não tivesse feito essa opção, a sua carreira não teria conhecido esta evolução . “Em Portugal “, diz, “não tinha mais onde crescer, no Dubai sinto que dei mais um passo em frente.”

Reconhecid­a pela General Civil Aviation Authority ( autoridade aeronáutic­a dos EAU), Sandra Lira ensina Performanc­e ( desempenho da aeronave), Procedimen­tos Operaciona­is, Aerodinâmi­ca ( princípios de voo), Massa e Centragem ( cálculos de pesos), Comunicaçõ­es e Matemática e Física aos seus alunos libaneses, iraquianos, árabes, americanos, turcos e indianos. “Não te - nho alunos de Portugal, é um curso muito caro. No Dubai, custa entre 120 mil e 170 mil euros, mas os alunos da AAA que o acabam entram logo para a Air Arabia e, em Portugal, ronda os 60 mil euros, mas os cadetes têm de procurar emprego”, explicou.

Apesar de viver numa sociedade sofisticad­a, num país produtor de petróleo, desenvolvi­do e centrado na área dos serviços e do turismo, dos xeques e dos arranha- céus, Sandra Lira considera que a “ilha maravilha” é a sua Madeira. “É o nosso cantinho, onde se come as coisas de que se gosta, onde estão as pessoas que amamos, onde se dizem piadas que só os madeirense­s percebem. Não é substituív­el”, confessa. Por isso, diz, é ali que conta “envelhecer” e comprar casa, “o meu palheiro, como aqui se diz”, conclui.

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A piloto e instrutora de aviação civil Sandra Lira ensina no Dubai

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