Diário de Notícias

ERSE acusada de não ter feito o suficiente para travar CMEC

EDP usa parecer da ERSE de 2007, agora divulgado no site do Parlamento, para enviar requerimen­to ao Ministério Público

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As críticas ao papel da Entidade Reguladora dos Serviços Energético­s ( ERSE) no âmbito dos CMEC, desde 2004, surgem sobretudo dos partidos de esquerda, como o Partido Comunista, que acusa o regulador de permitir “superlucro­s e as rendas excessivas”. “A ERSE esteve publicamen­te silenciosa, colaborand­o com sucessivos governos na continuida­de dos CMEC. Os responsáve­is da ERSE poderiam ter contribuíd­o de forma decisiva para travar os CMEC – mas optaram por dar cobertura aos governos, nunca denunciand­o o que sabiam sobre a matéria”, diz o deputado Bruno Dias, do PCP, que enviou à ERSE um pedido de esclarecim­ento sobre os seus pareceres emitidos ao longo dos anos. Em março de 2017 vieram a público dezenas de documentos antigos que agora estão disponívei­s para consulta no site do Parlamento.

Um deles, datado de 2007, permitiu agora à EDP remeter ao Ministério Público um novo requerimen­to no âmbito da investigaç­ão judicial aos contratos CMEC, alegando que esse documento prova que as rendas excessivas identifica­das pela ERSE derivam de legislação de 2004, anterior à entrada de António Mexia na empresa.

Ao DN/ Dinheiro Vivo, a EDP explicou que este parecer em concreto confirma também que o regu - lador não apresentou “qualquer reserva legal” face às alterações introduzid­as em 2007 ao decreto- lei de 2004, nomeadamen­te ao nível dos preços de referência. “Esta ausência de reserva legal traduziu uma opção da ERSE de não intervir sobre o problema, colocando- se atrás dos formalismo­s legais”, diz Bruno Dias.

Fonte oficial do regulador garantiu ao DN/ Dinheiro Vivo que “a posição da ERSE sobre os CMEC foi manifestad­a ao longo dos anos, encontra- se documentad­a e é pública”. Diz ainda o deputado Jorge Costa, do Bloco de Esquerda, que “face aos alertas iniciais do regulador os CMEC deveriam ter sido travados por Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates e Passos Coelho. Sabemos o que fez cada um deles: não tocar nas rendas excessivas e impedir que alguém tentasse fazê- lo”.

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