Manuel Pinho no Parlamento
Oex- ministro Manuel Pinho recebeu de um banco para o qual trabalhara transferências de dinheiro, mensais e sucessivas, durante o tempo em que exercia funções governamentais? Eis o que foi noticiado como sendo uma das acusações do Ministério Público no processo em que Pinho foi constituído arguido. Este caso vem na esteira de outros que têm envolvido políticos. Essa oportunidade, a sucessão de casos, talvez tenha sido o que levou o PSD a chamar Manuel Pinho ao Parlamento para esclarecer as suspeitas. Mas poderíamos ser um povo feliz nessa matéria e os casos serem raros, e continuaria a ser legítimo que os políticos exijam explicações dos seus, na casa que é local próprio para prestarem contas aos cidadãos. O líder do PSD Rui Rio, ao chamar Manuel Pinho ao Parlamento, não poderia ter- se explicado melhor: a questão da Justiça é da Justiça, com o seu tempo e as suas palavras. Mas os políticos, enquanto políticos, devem explicações ao povo. Ora o ex- ministro Manuel Pinho tem- se escusado a falar dos factos que protagonizou como político e de que agora é suspeito. O PSD vai, pois, chamá- lo ao lugar político onde um ex- ministro tem de responder. Nos tribunais, as leis e os advogados, a defesa e a acusação, poderão ir pelos caminhos que lhes são próprios e não necessariamente simples. Nos tribunais, as leis e os advogados, a defesa e a acusação, podem ter interpretações diferentes e até contraditórias. Agora, na casa do povo há uma outra pergunta que espera uma resposta simples: é verdade ou não é verdade que o ministro Manuel Pinho recebia, enquanto ministro, um salário paralelo mensalmente? Era bom que todos os partidos e todos os políticos se mostrassem sinceramente interessados em ouvir essa resposta de Manuel Pinho. E se a todos os políticos não lhes chega a consciência, que fiquem a saber que serão julgados pela atenção que dedicarem ao caso.