Famílias gastaram 1915 milhões em compras para o lar até março
Dados da Nielsen mostram que o consumo subiu 4,1%. Comércio tradicional sobe 5,9%, mas tem quota de apenas 8,2%
O consumo das famílias continua a crescer. Nos primeiros três meses do ano foram gastos quase 1915 milhões de euros em compras para o lar, um valor 4,1% superior face a igual período de 2017, mostram os dados da Nielsen. A Páscoa, que se comemorou no último fim de semana de março, terá tido a sua influência na febre consumista. São sobretudo os grandes supermercados de cidade e o comércio tradicional os mais beneficiados, com crescimentos de 7,6 e de 5,9%, respetivamente. Os hipermercados perdem terreno.
“Já há algum tempo que vamos percebendo que o comércio tradicional está a consolidar o seu crescimento, independentemente dos altos e baixos das datas mais especiais como o Natal ou a Páscoa”, diz o diretor-geral da Centromarca. Pedro Pimentel reconhece que grande parte destes novos espaços não se enquadram na verdadeira aceção do termo tradicional, já que se trata das lojas de proximidade das grandes cadeias de distribuição. Mas também por este “investimento crescente” se percebe a importância que o “consumidor cada vez dá mais a poder fazer compras numa esfera de proximidade, poupando tempo”. Casos dos espaços My Auchan, Meu Super, no caso do Continente, ou Minipreço Expresso, do grupo Dia.
Apesar de estar em crescimento, a quota de mercado do canal tradicional no total do consumo não chegou ainda aos dois dígitos: vale 8,2%. Os hipermercados estão com 25,7%, os grandes supermercados asseguram 32,6% e o pequenos supers, incluindo o Lidl, têm a quota maior: 33,5%.
Em termos de categorias de produtos, e a provar o efeito da Páscoa precoce nos gastos das famílias, as bebidas são dos artigos cujas vendas mais crescem, comparativamente com o ano anterior, com um acréscimo de 6% nas bebidas alcoólicas e de 5% nas não alcoólicas. Também nos produtos de mercearia as vendas aumentaram 5%.
Bebidas em alta
É a categoria dos congelados que tem as vendas com maior crescimento no primeiro trimestre do ano: 8%. Os laticínios crescem 3%, os artigos de higiene pessoal 1% e na higiene para o lar mantêm-se estáveis. Performances que têm mais que ver com os ciclos promocional no retalho do que propriamente com os hábitos de consumo das famílias. Estes são produtos que o consumidor tem mais facilidade em armazenar, de modo a aproveitar os descontos, na medida em que não se trata de artigos perecíveis.
Também a estratificação das vendas em função do tipo de marcas merece o destaque do diretor-geral da Centromarca, já que as marcas de fabricantes crescem 4,6% no trimestre, acima do valor do mercado. O que se traduz numa perda de duas décimas da quota de mercado das marcas brancas, que é agora de 34,2%. “A entrada da Mercadona no mercado nacional vai criar uma nova lógica na marca branca e assiste-se já a um enorme esforço de todas as cadeias de distribuição de promoção das suas marcas. O que estes números vêm mostrar é que apesar disso, e de forma algo surpreendendo, as marcas de fabricantes estão a aguentar-se bem”, diz. ILÍDIA PINTO