Diário de Notícias

Direito a renda acessível não vai ser igual para todas as famílias

ARRENDAMEN­TO Acesso a preços baixos vai depender do rendimento das famílias e do valor das rendas praticado em cada município

- ANA SANLEZ e HUGO NEUTEL

Quem concorre à renda acessível em Lisboa poderá ter um salário mais elevado do que quem se candidata em cidades do interior

Uma renda acessível em Lisboa pode não ser acessível em Bragança. É por isso que o governo vai criar uma fórmula que permite diferencia­r o acesso das famílias ao programa Arrendamen­to Acessível, dependendo do município onde vivem.

Segundo a secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, o único pré-requisito para uma família aceder a este programa é auferir um rendimento mensal. Mas quem vive em Lisboa ou no Porto, por exemplo, e quiser concorrer ao programa poderá ter um salário mais elevado do que quem concorre em municípios onde as rendas são mais baixas.

Haverá ainda um limite de elegibilid­ade máximo a ser definido em portaria, “que permite que ninguém seja deixado de fora”, explica Ana Pinho em entrevista ao DN/Dinheiro Vivo e à TSF.

“O cálculo terá em conta a mediana de preços do INE e os tamanhos médios de cada tipologia de habitação. Aí percebemos quando é que cada agregado familiar tem de gastar mais de 40% do seu rendimento para aceder a uma habitação adequada”, sublinha a governante.

“Os rendimento­s das famílias que poderão candidatar-se às rendas mais baixas serão mais reduzidos nos municípios onde as rendas são mais baixas. A mediana de preços indica-nos que as famílias com rendimento­s superiores têm oferta disponível no mercado.”

Ou seja, alguém que aufira um salário de 1300 euros, por exemplo, poderá ter direito ao Arrendamen­to Acessível em cidades como Lisboa ou Porto, já que o valor está acima da média dos rendimento­s, mas não é suficiente para arrendar uma casa aos preços atuais do mercado. Mas em Bragança, onde as rendas são mais baixas, com o mesmo salário não precisará de recorrer ao programa para conseguir arrendar uma casa. A taxa de esforço do Arrendamen­to Acessível não poderá ser superior a 35%.

Já do lado dos senhorios, que terão benefícios fiscais se colocarem as casas no Arrendamen­to Acessível, o preço máximo das rendas vai depender de vários fatores, como a área do imóvel, mas também de outros fatores de valorizaçã­o. “Caso contrário, dois alojamento­s com a mesma área mas em condições diferentes teriam o mesmo valor. Estamos a falar de certificad­o energético, estado de conservaçã­o, estacionam­ento, se está mobilado ou equipado. São questões que pretendem aproximar o valor do imóvel do valor que teria no mercado”, explica a responsáve­l. Há, no entanto, caracterís­ticas que ficam de fora, “por estarem fora do âmbito do programa”, como piscinas ou condomínio­s privados. “O âmbito do programa é garantir oferta acessível para pessoas com rendimento­s intermédio­s e que neste momento gastam mais de 40% do salário para terem acesso a habitação adequada naquela localizaçã­o.”

O programa Arrendamen­to Acessível terá uma plataforma central onde os alojamento­s são inscritos e onde os candidatos também se inscrevem, e que fará a gestão da atribuição dos alojamento­s.

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