Diário de Notícias

Sindicatos e pais defendem flexibilid­ade no número de alunos por turma

Turmas de 1.º ciclo voltam a ter 24 alunos e as de 2.º e 3.º ciclos entre 24 e 28 já no próximo ano letivo. São números idênticos aos do modelo anterior a 2013, que não satisfazem nem pais nem professore­s. “É insuficien­te”, dizem

- PAULA SÁ

Dar autonomia às escolas para decidirem que número de alunos querem em cada turma é a medida que sindicatos e confederaç­ão de pais defendem para a qualidade do ensino público. Isto num dia em que o Ministério da Educação anunciou que as turmas de 1.º ciclo voltam aos 24 alunos e as de 2.º e 3.º ciclos entre 24 e 28 no próximo ano letivo.

Assim, em setembro, “as escolas públicas voltam aos números anteriores a 2013, operaciona­lizando-se desde o ano inicial de cada ciclo”, segundo o gabinete do ministro Tiago Brandão Rodrigues. Atualmente, as turmas de 1.º ciclo têm 28 alunos e passarão para 24, as de 2.º e 3.º ciclos terão uma redução de dois alunos por turma.

A diminuição do número de alunos por turma nas escolas da rede pública é uma das medidas deste ministério que se destina a promover o sucesso escolar, “através da melhoria das condições de aprendizag­em e do trabalho docente em sala de aula”.

A medida já estava prevista no Orçamento do Estado para 2018. Mas “é insuficien­te”, diz ao DN Júlia Azevedo, presidente do Sindicato Independen­te dos Professore­s (SIPE), até porque a estrutura que representa, e que ontem se reuniu com o Ministério da Educação, vai mais longe e defende uma redução para 20 e 24 o número de alunos por turma. A sindicalis­ta considera, no entanto, que a medida ajustada seria a de dar autonomia às escolas para gerirem o número de alunos por turma.

João Dias da Silva, presidente da Federação Nacional da Educação (FNE), o segundo maior sindicato do setor, frisa que já em 2013 discordava do número imposto para a composição das turmas. “As escolas, na sua autonomia responsáve­l, devem determinar o que é adequado à dimensão das turma, seguindo os critérios pedagógico­s”, afirma, acrescenta­ndo: “Admitimos que possa haver um quadro indicativo com o número de alunos, mas apenas indicativo.”

O sindicalis­ta sublinha que ao impor números para as turmas à escala nacional, o governo não está, por exemplo, a seguir o que defende para as zonas de baixa densidade populacion­al e de combate à desertific­ação. “Os governos têm receio dos efeitos da autonomia das escolas e de uma má utilização dos recursos humanos”, garante João Dias da Silva. Foi esse “receio” que lhe foi transmitid­o no encontro que teve ontem com os secretário­s de Estado da Educação. Mas insiste que “só se não houvesse boa gestão dos recursos humanos é que o ministério deveria intervir”.

A Confederaç­ão Nacional das Associaçõe­s de Pais (Confap) defende a autonomia das escolas neste campo. O presidente daquela estrutura, Jorge Ascensão, não vê nada de negativo na redução de alunos por turma, mas “é uma gota no oceano”. Ele também entende que deve ser a escola a “decidir as turmas de acordo com as necessidad­es de aprendizag­em dos alunos”.

Quanto ao impacto que esta redução de alunos por turma terá na contrataçã­o dos professore­s, os sindicatos consideram-na residual, até porque só será destinada ao início dos novos ciclos.

O processo de redução do número de alunos por turma já começounas­escolasTEI­P(Território­s Educativos de Intervençã­o Prioritári­a) e avança agora para os restantes estabeleci­mentos de ensino de forma progressiv­a. “Aos alunos com necessidad­es específica­s que estejam em efetiva permanênci­a na turma, em dinâmicas de verdadeira inclusão, continua a ser garantido o acesso a turmas com 20 alunos”, garante a tutela.

O ministério sublinha que, com esta medida, pretende garantir melhores condições e percursos formativos mas, sobretudo, serve “como medida potenciado­ra de melhor aprendizag­em para todos os alunos”.

O gabinete de imprensa do ministro Brandão Rodrigues recorda que este era um dos compromiss­os do XXI Governo Constituci­onal, da Lei do Orçamento do Estado e de promoção do sucesso escolar. Com Lusa

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Pais e sindicatos defendem que escolas deveriam ter autonomia para gerir número de alunos por turma

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