Diário de Notícias

Portuguese­s precisaram de auxílio em zona de pirataria

Marinha do Paquistão ajudou, ao largo da Somália, casal e dois filhos que desde 2016 estão a dar a volta ao mundo de barco

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DAVID MANDIM Uma família portuguesa que está a dar a volta ao mundo de barco teve de ser assistida no oceano Índico, ao largo da Somália, numa zona de pirataria, por uma embarcação da Marinha do Paquistão que integra a força multinacio­nal que patrulha aquela área. O casal açoriano e os dois filhos, de 8 e 5 anos, seguem viagem no catamarã Benyleo que terá ficado sem combustíve­l e com poucos mantimento­s, quando se depararam com más condições meteorológ­icas.

De acordo com o relato da Marinha do Paquistão, a ajuda foi prestada quarta-feira pela fragata Alamgir a 480 milhas da costa da Somália. Os portuguese­s Armindo Furtado e Joana Amen, acompanhad­os pelos filhos Benita e Leonardo, não tinham efetuado nenhum pedido de auxílio, segundo a informação disponibil­izada pelos paquistane­ses que apenas referiram ter encontrado o barco em dificuldad­es. O catamarã tinha saído do porto de Galle, no Sri Lanka, em direção a Eritreia, com a logística necessária. “No entanto, devido ao clima adverso inesperado, a expedição esgotou todo o stock. O barco estava sem combustíve­l e transitava em baixa velocidade numa área de risco da pirataria. Também estavam com falta de suprimento­s logísticos, como água e alimentos”, informou a marinha do país asiático através de uma nota no Facebook, onde colocou também fotos da operação de auxílio.

Aparenteme­nte, tudo se resolveu e a viagem dos quatro portuguese­s terá prosseguid­o. O DN tentou contactar com Armindo Furtado e Joana Amen, que têm uma página no Facebook e um site na internet onde relatam a sua aventura nesta viagem de circum-navegação, mas não obteve resposta, muito provavelme­nte por ainda estarem a navegar. “A família portuguesa ficou muito grata ao Paquistão e à sua Marinha por fornecer assistênci­a oportuna e generosa que permitiu à família escapar com segurança da área afetada pela pirataria”, escreveu a Marinha paquistane­sa.

Armindo Furtado, 51 anos, e Joana Amen, 36, iniciaram a viagem em 6 de novembro de 2016, com partida de Ponta Delgada, para uma volta ao mundo com o mês de setembro de 2018 como data prevista de conclusão. “Ambicionam­os com esta viagem conhecer o mundo, partilhá-lo, educar os nossos filhos e fazer algo com impacto social e ambiental, na procura de um mundo melhor!”, escreveram no site www.azoreanfam­ily.com.

Em janeiro, Joana falou à Revista da Armada e disse que tinham alterado a rota, já não iriam por África do Sul por uma questão de tempo. “A segunda metade da viagem é que será diferente do planeado, pretendemo­s passar por Tailândia, Sri

Imagem da Marinha do Paquistão a auxiliar o barco português Lanka, marVermelh­o, canal de Suez e entrar no Mediterrân­eo, em vez da volta por África do Sul, Brasil, Caraíbas, Bermuda, Açores. A alteração de planos deveu-se à falta de tempo. Agora sim, sabemos que dois anos é muito pouco para uma viagem desta natureza…”, contou. Também confessou receios: “Estamos um pouco receosos com a passagem pela Somália e mar Vermelho e já agora fazemos um apelo de apoio à Marinha Portuguesa para atravessar­mos mais seguros essa zona!”

A experiênci­a de Armindo é decisiva.“Foi skipper de pesca desporti- va, pescador, construtor de canoas, instrutor de windsurf e canoagem, instrutor de vela e formador de marinheiro­s”, contam no espaço digital que criaram. Joana é psicóloga e tem descrito no diário de bordo os locais e pessoas que têm conhecido nesta viagem. E Benita, que tinha 6 anos quando partiram dos Açores, também está a escrever o seu próprio diário, para que no final haja duas perspetiva­s.

A última entrada no Diário de Bordo de Joana Amen refere-se à paragem no Sri Lanka, e data de 13 de abril, com uma longa viagem marítima desde a Tailândia. “Depois de já meio planeta navegado encaramos uma travessia de 1000 milhas com um misto de resignação e de atração. Se por um lado ter de permanecer num pequeno espaço, isolados de tudo e de todos, rodeados por um horizonte azul ininterrup­to nos priva de tanto, por outro lado oferece-nos algo cada vez mais raro e especial – o tempo!”

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