Giro arranca hoje com Chris Froome entre suspeitas e recordes
Corredor da Sky está a ser investigado por e pode igualar marcas dos míticos Eddy Merckx e Bernard Hinault
CICLISMO O britânico Chris Froome, de 32 anos, é o grande cabeça-de-cartaz da Volta a Itália que tem hoje início com uma inédita partida de Jerusalém (Israel) e que termina a 27 de maio em Roma (Itália). O ciclista da Sky, que está a ser investigado por um controlo antidoping positivo na Volta a Espanha de 2017 (acusou broncodilatador salbutamol em níveis superiores aos permitidos), continua a reclamar inocência e procura nesta primeira grande Volta do ano igualar os recordes dos míticos Eddy Merckx e Bernard Hinault, que venceram as três principais provas velocipédicas consecutivas.
“É uma grande motivação poder ganhar as três grandes voltas seguidas. Pelo que pude aperceber-me durante o Tour, nos Alpes, estou preparado para ganhar, ainda que não possa garantir que isso irá acontecer”, referiu ontem o britânico, que já triunfou por quatro vezes na Volta a França, a mais importante prova do calendário mundial, em 2013, 2015, 2016 e 2017, uma na Volta a Espanha, Froome continua a reclamar
inocência no controlo positivo na Volta a Espanha em 2017, mas que nunca conquistou o Giro, algo que poderá fazer este ano, completando a designada “tripla coroa”.
Se vencer a Volta a Itália, Froome conseguirá não apenas conquistar as três grandes provas, algo que foi alcançado pela última vez pelo italiano Vincenzo Nibali, o grande ausente da edição deste ano, mas também igualar o feito de duas maiores figuras da modalidade – apenas dois ciclistas o conseguiram: Merckx venceu o Giro de 1972, o Tour de 1972, a Vuelta de 1973 e o Giro, de novo, em 1973; Hinault triunfou em Itália e França, em 1982, e depois em Espanha, em 1983. “Não vou limitar-me às etapas de contrarrelógio para tentar ganhar o Giro. Terá de ser o pacote completo. Vai ser uma corrida muito difícil”, notou o ciclista.
O caso de doping em que o britânico nascido no Quénia está envolvido também foi obviamente tema na conferência de imprensa de ontem. A defesa do ciclista alega que Froome sofreu uma disfunção renal, mas a questão continua a ser investigada e muito provavelmente não haverá uma decisão até ao final do Giro, pelo que o resultado final pode ficar em suspenso após a corrida, o que já aconteceu em 2011.
“Não fiz nada de mal. Entendo que toda a gente tem direito a uma opinião [Tom Dumoulin, último vencedor daVolta a Itália, criticou a presença de Froome na prova], mas não estão na posse de toda a informação. Tenho a certeza de que depois de conhecidos os resultados da investigação, as pessoas vão entender e dar-me razão. Sei que não fiz nada de mal e por isso não encontro razões para não poder participar nesta Volta a Itália”, insistiu o ciclista da Sky. NUNO FERNANDES com Lusa