Diário de Notícias

Procurador­es e juízes pedem reforço de meios de investigaç­ão

Metade das medidas propostas para o combate à corrupção ficaram fora do Pacto da Justiça, aprovado em janeiro passado

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O “reforço” dos meios de investigaç­ão e na valorizaçã­o das carreiras dos magistrado­s que se dedicam à investigaç­ão criminal é defendido por juízes e procurador­es, além de medidas legislativ­as. “O importante não é só a legislação, que pode ter melhorias, como temos defendido, mas também que o poder político passe a dar prioridade aos meios disponívei­s para a investigaç­ão criminal”, avança António Ventinhas, presidente do Sindicato dos Magistrado­s do Ministério Público. Ventinhas foi um dos protagonis­tas do Pacto da Justiça, aprovado pelos operadores judiciais em janeiro último, depois de um repto do Presidente da República”, e lamentou que apenas metade das medidas de combate à corrupção, que foram discutidas, tivessem sido aprovadas. Conforme o DN noticiou na altura apenas 12 das 29 propostas tiveram o necessário apoio unânime, indispensá­vel à sua aprovação. Ficaram de fora, por exemplo, as emblemátic­as medidas sobre o enriquecim­ento ilícito e a delação premiada.

O juiz desembarga­dor Manuel Santos Ramos, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portuguese­s, salienta que “a discussão do combate à corrupção não pode ser vista como uma guerra entre a justiça e os políticos. É um conflito entre pessoas sérias e não sérias”. Distingue dois tipos de “matérias” que, do seu ponto de vista, podem ajudar a correspond­er ao desígnio de Marcelo.

Para Manuel dos Santos Ramos “é possível sim melhorar a legislação”, dando como exemplo a questão do enriquecim­ento ilícito. “Pode ser sancionado, por exemplo, o enriquecim­ento não declarado ou a omissão do registo dos bens das declaraçõe­s dos titulares de cargos públicos”, sublinha. Mas “há também uma urgente necessidad­e de se investir em meios para os tribunais”. Nota que “casos da complexida­de de uma Operação Marquês são julgados por um coletivo de três juízes, sem qualquer apoio técnico”. Lembra que “desde 2013 que estão previstos gabinetes de apoio técnicos nos tribunais, mas ainda não existem, apesar da insistênci­a do Conselho Superior de Magistratu­ra”. V.M.

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