O ano um do liberal francês que não procura ser amado
Emmanuel Macron venceu as eleições há um ano. O ex-ministro de François Hollande garante que o caminho das reformas é para prosseguir doa a quem doer
CÉSAR AVÓ lhos, do olhar do outro. É uma armadilha terrível.”
Prova da resistência à sua política, dezenas de milhares de pessoas juntaram-se ontem em Paris e Bordéus na defesa do Estado social. Mas Macron diz não temer as reações, sejam quais forem as consequências. “Vamos conseguir fazer as reformas. Talvez nalguns casos sejam organizadas greves que durem semanas ou meses. Mas não vou abandonar ou diminuir a ambição reformista porque não há outra escolha”, diz à Fortune.
Se a isto juntarmos várias tiradas de Macron aos manifestantes, sejam operários sejam reformados (numa delas chamou os opositores do código do trabalho “preguiçosos e cínicos”), compreende-se por que não falta quem o apode de autoritário. Até no campo dos seus simpatizantes. É o caso de Brice Couturier, jornalista que escreveu o livro Macron, un président philosophe: “Se a filosofia é liberal, económica e socialmente o método é autoritário.” Ao Nouveau Magazine Littéraire, sustenta: “A propensão a decidir sozinho não é estranha ao contexto em que foi eleito. Em 2017, o país esteve quase ameaçado por uma guerra civil pela corrente populista, de um lado Marine Le Pen e do outro Jean-Luc Mélenchon. Em tais situações, a França cria com frequência um homem providencial, cujo exercício do poder leva a um governo tingido de autoritarismo.”
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