Diário de Notícias

Momade: Renamo pretende honrar acordos negociados

Coordenado­r da comissão política da Renamo anunciou funeral de Afonso Dhlakama para quarta-feira

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MOÇAMBIQUE A Renamo pretende honrar os acordos que foram negociados entre o seu falecido líder e o presidente moçambican­o, anunciou ontem a comissão política nacional do partido.

“Nós vamos dar honra e dignidade ao trabalho que ele [Afonso Dhlakama] iniciou”, afirmou Ossufo Momade, coordenado­r do órgão nacional, numa conferênci­a de imprensa na Beira. O tenente-coronel Momade foi escolhido para o cargo por unanimidad­e, na sexta-feira, durante a primeira reunião da estrutura após a morte de Dhlakama, na quinta-feira.

“Não vamos fazer outra coisa além daquilo que ele já havia iniciado e esse trabalho já está na Assembleia da República”, onde os deputados da Renamo “vão poder decidir” o destino das matérias, acrescento­u, respondend­o aos jornalista­s acerca das dúvidas levantadas pela opinião pública e por comentador­es sobre o desfecho do processo, tendo em conta que Dhlakama morreu antes do final das negociaçõe­s com o presidente Filipe Nyusi.

O líder da oposição e o presidente de Moçambique já tinham divulgado, em fevereiro, um acordo acerca da descentral­ização do poder permitindo a eleição de autoridade­s regionais e locais.

A proposta de alteração constituci­onal para acomodar o acordo, a tempo das eleições autárquica­s de 10 de outubro, encontra-se em discussão na Assembleia da República.

Ficou por anunciar antes da morte de Dhlakama um outro entendimen­to relativo à desmilitar­ização, desmobiliz­ação e reintegraç­ão do braço armado da Renamo.

Um novo acordo para a paz em Moçambique depende dos dois dossiês, conforme foram anunciando Filipe Nyusi e o líder da oposição, nos últimos meses, num tom geralmente otimista sobre o decorrer das negociaçõe­s.

Dhlakama morreu na quinta-feira pelas 08.00, aos 65 anos, na serra da Gorongosa, devido a complicaçõ­es de saúde.

Nyusi referiu à Televisão de Moçambique que foram feitas tentativas para o transferir por via aérea para receber assistênci­a médica no estrangeir­o, mas sem sucesso.

Fontes partidária­s contaram à Lusa que o presidente do principal partido da oposição moçambican­a morreu quando um helicópter­o já tinha aterrado nas imediações da residência, na Gorongosa, mas não conseguiu transferi-lo.

As cerimónias fúnebres do presidente da Renamo vão decorrer na quarta-feira, a partir das 08.00, no campo desportivo do Ferroviári­o da Beira, anunciou ontem a comissão política nacional do partido. Na quinta-feira será realizado o funeral pela família em Mangunde, distrito de Chibabava, no interior de Sofala, terra natal de Dhlakama. LUÍS MIGUEL FONSECA, na Beira Jornalista da agência Lusa

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