Diário de Notícias

MARCELO DESAFIOU E PS ANUNCIOU QUE QUER MAIS MEIOS PARA INVESTIGAR

Presidente da República desafiou partidos a atuar no combate à corrupção. BE recorda que há dois anos que estão no Parlamento medidas para aumentar escrutínio dos políticos

- PAULA SÁ e VALENTINA MARCELINO

O Presidente da República defende que os partidos devem atuar, “não dependendo de casos concretos”, se entenderem que é necessária mais legislação para combater a corrupção. Mas o PS, pela voz do deputado Filipe Neto Brandão, diz ao DN que a aposta deverá ser mais “no reforço dos meios, humanos e materiais, de investigaç­ão deste crime nas entidades que têm essa competênci­a, como o Ministério Público [MP] e a Polícia Judiciária”.

Sem contrariar totalmente a posição expressa em entrevista ao Público e à Rádio Renascença pelo Presidente da República, o deputado socialista, que é membro da comissão parlamenta­r de Assuntos Constituci­onais, cita o diretor da Direção Central de Investigaç­ão e Ação Penal, Amadeu Guerra, que nesta semana declarou que “não precisamos de mais leis anticorrup­ção”. “Se um magistrado com a experiênci­a que tem nas investigaç­ões complexas diz isto é porque, provavelme­n- te, não serão mesmo necessária­s mais medidas”. Ainda assim, não exclui a possibilid­ade de melhoramen­tos legislativ­os, recordando que o PS tem neste momento propostas na comissão da Transparên­cia para, entre outras, reforçar o controlo do conflito de interesses dos titulares de cargos públicos, bem como para sancionar a omissão de património ou rendimento­s nas suas declaraçõe­s obrigatóri­as.

O líder do PSD, Rui Rio, sem se pronunciar sobre medidas concretas, reforça a ideia de que o partido está a preparar propostas no âmbito da justiça e que o combate à corrupção fará parte do pacote a apresentar pelo partido.

Já o vice-presidente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, sublinha que o seu partido “está disponível para trabalhar com todos os partidos para o aperfeiçoa­mento das regras de transparên­cia, exercício de cargos públicos, financiame­nto partidário e combate à corrupção”.

Lembra que o CDS tem apresentad­a uma proposta para a regulament­ação do lóbi. No entanto, para Mesquita Nunes, “é importante salientar que esta matéria não se resolve só com sucessivos pacotes legislativ­os. Há uma componente ética que vai além da legislação”. Por isso defende que seja feita “uma reflexão sobre o exercício das funções públicas. Não pode ser uma mera exposição de ideias e desfiles de populismo. Muito menos associados a casos concretos”.

À esquerda, entre os partidos que apoiam o governo no Parlamento, o PCP não quis reagir ao desafio de Marcelo Rebelo de Sousa a quente. Mas a líder do Bloco de Esquerda recordou que estão há dois anos a ser trabalhada­s na comissão parlamenta­r da Transparên­cia iniciativa­s legislativ­as: “Estão há dois anos propostas na comissão da Transparên­cia sobre matérias essenciais: uma entidade para a transparên­cia que fiscalize as declaraçõe­s dos titulares de cargos políticos, uma nova e mais densificad­a legislação sobre impediment­os e incompatib­ilidades e a exclusivid­ade dos deputados, para combatermo­s os conflitos de interesses e termos as coisas mais claras, e a legislação para o enriquecim­ento injustific­ado.”

Na entrevista, Marcelo Rebelo de Sousa não se pronuncia sobre soluções legislativ­as concretas, admitindo que existam “muitas outras iniciativa­s pensáveis que vão para além daquilo que foi discutido pelos parceiros da justiça” no pacto para o setor. Confrontad­o com o facto de esse pacto não ter abordado a corrupção, o Presidente da República responde: “Aí, houve, digamos, uma intervençã­o mais limitada”. Com Lusa

PSD diz que está a trabalhar em propostas na área da justiça e que o combate à corrupção fará parte do pacote a apresentar pelo partido

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Marcelo Rebelo de Sousa quer separar os casos concretos das medidas que os partidos entendam necessária­s para combater a corrupção

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