OS CASOS QUE TÊM AFETADO A ESCOLA
Greve contra professor por causa de exame
› No final dos anos 1950, o decreto que dava poderes ao governo para intervir na vida das associações de estudantes tornou-se um fator de contestação dos alunos que viria a culminar na crise académica de 1962. No Colégio Militar, por essa altura, os alunos do 7.º ano (então o último do percurso escolar na instituição) também fizeram greve. O caso foi associado aos protestos nas universidades públicas, mas quem lá estava garante que nada teve que ver com isso. O que motivou aquela reação foram problemas com um professor e relacionados com um exame. Certo é que todos os alunos desse 7.º ano deixaram o Colégio, expulsos ou por iniciativa própria...
Fim da segregação de género
› A entrada de raparigas no Colégio Militar, com a extinção do Instituto de Odivelas (IO), e o fim da segregação de género no primeiro daqueles estabelecimentos militares de ensino foram duas das reformas impostas pelo governo PSD-CDS na área da Defesa. Na base dessa polémica decisão, que levou o então diretor do IO a comentar decisões políticas da tutela, estiveram as restrições financeiras associadas ao programa de ajuda externa. No caso dessas escolas, em que se inclui o Instituto dos Pupilos do Exército, estavam em causa os elevados custos por aluno quando comparados com os valores nas escolas públicas civis, a multiplicação de despesas inerentes à manutenção de três grandes espaços escolares ou à existência dos respetivos corpos académicos e de pessoal.
Ex-alunos condenados por agressões a mais novos
› Atos de violência física no ano letivo de 2006-2007 e em 2008, protagonizados por alunos do último ano (17 a 22 anos) contra colegas de 11, 13 e 14 anos, acabaram com a sua condenação judicial ao pagamento de multas e indemnizações por ofensas à integridade física e danos morais. O então diretor do Colégio Militar não chegou a ser acusado, apesar de inicialmente constituído arguido, mas a instituição acabou numa fase posterior do processo por ser responsabilizada. O acórdão sustentou que os estudantes mais novos estão à guarda da escola e não dos alunos mais velhos, como era a prática de autogestão ali instituída, pelo que os castigos corporais aplicados pelos graduados aos mais novos eram “tacitamente aprovados” pelos responsáveis da escola e do Corpo de Alunos. Acresce que a direção limitava-se a adotar “medidas incipientes” para evitar aquelas práticas.
Tabu homossexual leva general a demitir-se
› Em abril de 2016, semanas após a posse do governo PS apoiado por BE e PCP, um responsável do Colégio assumiu que a homossexualidade era um assunto tabu no interior da instituição. A crise política que se seguiu levou à demissão do chefe do Estado-Maior do Exército. Para o general Carlos Jerónimo era inaceitável que o poder político pedisse a cabeça de um seu subordinado, numa exigência de responsabilização que acabava por ser uma interferência na cadeia de comando militar. O então subdiretor do colégio declarou ao Observador, 40 anos após ser aprovada a Constituição, o seguinte: “Nas situações de afetos [leia-se homossexualidade], obviamente não podemos fazer transferência de escola. Falamos com os encarregados de educação para que percebam que o filho acabou de perder espaço de convivência interna e a partir daí vai ter grandes dificuldades de relacionamento com os pares. Porque é o que se verifica. São excluídos.”
Extinção do Colégio várias vezes na mesa
› O fim do Colégio Militar foi assumidamente equacionado pelo menos duas vezes nas últimas duas décadas, dado o défice de alunos que não justificavam as despesas associadas e numa época de progressivos cortes nos orçamentos militares. A primeira foi nos anos 1990 e acabou por ser evitada devido à enorme pressão mediática e política dos antigos alunos. A segunda ocorreu já nesta década e no âmbito da reforma dos três estabelecimentos de ensino militar, que acabou por resultar apenas no fim do Instituto de Odivelas.