Diário de Notícias

Estado contrata 200 pessoas para resolver atraso nas pensões

As respostas a pedidos de reforma já chegam a demorar sete meses devido à forte redução de trabalhado­res do Centro Nacional de Pensões nos últimos anos. “Tempo excessivo”, assumiu Vieira da Silva, que decidiu reforçar quadros para acelerar processos.

- LUCÍLIA TIAGO

A Segurança Social vai poder contar com o reforço de mais 200 trabalhado­res. Vieira da Silva aproveitou ontem a apresentaç­ão do novo simulador de pensões para anunciar que o concurso, ainda sem data para ser lançado, já está autorizado e será dirigido a pessoas que não integram a função pública. A maior parte será canalizada para o Centro Nacional de Pensões, um dos serviços que mais perderam efetivos nos últimos anos, o que faz que a resposta aos pedidos de pensões chegue a demorar, em alguns casos, sete meses.

A equipa de Vieira da Silva assumiu há cerca de um mês, numa audição na Assembleia da República, que o tempo médio entre a entrada do requerimen­to da pensão e a sua atribuição é “excessivo” e demora “alguns meses”. O atraso deve-se essencialm­ente à forte redução dos trabalhado­res do Centro Nacional de Pensões, que viu o quadro de pessoal encolher 24% entre 2011 e 2015. O governo tem lançado vários procedimen­tos concursais internos, mas o grande reforço será concretiza­do com o concurso para a admissão de 200 pessoas fora dos quadros da administra­ção pública.

“Temos feito concursos internos que têm permitido reforçar os serviços, mas sem este impulso externo não seria possível dar resposta às necessidad­es, em particular no sistema de pensões”, disse Vieira da Silva, reforçando que os serviços ligados ao sistema de pensões da Segurança Social “tiveram uma quebra muito grande, das mais elevadas da administra­ção pública”.

Cada caso é um caso, mas as associaçõe­s de reformados têm denunciado atrasos superiores a meio ano, sobretudo quando se trata de pessoas com carreiras contributi­vas construída­s parcialmen­te no estrangeir­o.

A este reforço dos quadros de pessoal através de concursos internos e externos soma-se o processo de integração de trabalhado­res precários. António Costa, que marcou presença no lançamento do simulador das pensões, aproveitou para sublinhar que a necessidad­e de reforço de algumas áreas da administra­ção pública obriga a gerir “de forma inteligent­e” a folga orçamental que existe e que está no Programa de Estabilida­de. Ou seja, esta margem “não pode ser integralme­nte consumida com a evolução dos vencimento­s de quem já está na administra­ção pública”.

Sobre o simulador, que está disponível desde a meia-noite, o primeiro-ministro salientou o impacto que a medida terá na credibiliz­ação e na transparên­cia do sistema público da Segurança Social.

Este simulador estava previsto no programa do governo e tem por base apenas os descontos para a Segurança Social (o que correspond­e a cerca de 95% das situações). Mas, adiantou o ministro Vieira da Silva, até ao final do ano os funcionári­os públicos que descontam para a Caixa Geral de Aposentaçõ­es irão também dispor de um simulador semelhante. Atualmente já é possível simular o valor da pensão no site da CGA, mas a versão disponível tem inúmeras limitações.

“Temos feito concursos internos, mas sem este impulso externo não seria possível dar resposta às necessidad­es”

VIEIRA DA SILVA MINISTRO DO TRABALHO, SOLIDARIED­ADE E SEGURANÇA SOCIAL

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O simulador foi construído com base apenas nos descontos para a Segurança Social. Até ao final do ano, será lançado um para a CGA

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