Diário de Notícias

Das 11 salas de cirurgia no Hospital de São João, apenas uma funcionou

Paralisaçõ­es dos médicos afetou sobretudo os blocos cirúrgicos no Porto. Mas também houve consultas canceladas

-

NORTE “Hoje há greve dos médicos”, podia ler-se ontem num cartaz informativ­o nas consultas externas do Hospital São João. A informação de greve serviu como alerta para os utentes que tinham consulta naquela unidade hospitalar do Porto. Muitos foram avisados anteontem do cancelamen­to das consultas para evitar uma deslocação necessária, mas nem todos receberam essa informação. “Como não nos ligaram, vim na mesma acompanhar a minha mulher. Tivemos sorte porque a consulta não foi cancelada, mas estavam aqui pessoas que vieram de longe, de Mirandela, e foram-se embora sem ser vistas”, contou ao DN Altino Cardoso.

Segundo Hermínia Teixeira, do Sindicato Independen­te dos Médicos, a adesão à greve, no decorrer da manhã, fixou-se entre os 70% e os 80% nas consultas. Já no que se refere ao bloco central de cirurgias, das 11 salas do São João, apenas uma esteve em funcioname­nto. Os constrangi­mentos também se fizeram sentir nas urgências, onde o tempo de espera foi superior ao “normal”. “A minha mãe deu entrada às 9.00. São 14.00 e ainda não foi atendida. Até pensei que fosse mais rápido porque veio do lar de idosos, onde se sentiu mal”, contou Rosalina Bessa. O mesmo sucedeu com Patrícia Fonseca, cujo marido esteve “várias horas à espera de ser atendido”. “Foi tudo muito demorado. E depois de ser atendido esteve uma hora para lhe passarem uma receita”, contou.

Ao DN, Hermínia Teixeira sublinhou que os constrangi­mentos foram sentidos em todos os hospitais do Grande Porto. “No Santo António, das 25 salas do bloco, apenas seis estiveram a funcionar”, referiu. Segundo aquela responsáve­l, o mesmo se passou no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, onde apenas duas das nove salas estiveram a operar.

Vários centros de saúde foram também afetados pela greve, tendo a USF Maresia (Leça) encerrado durante a manhã por registar “100% de adesão”. “A adesão é bem maior do que a registada na última greve, em 2016. A explicação é simples: têm-se agravado as condições de trabalho”, justificou Hermínia Teixeira. A médica referiu ainda que os médicos acalentara­m a “esperança de melhoria no início da legislatur­a de António Costa”. “Percebemos entretanto que tínhamos de endurecer a luta. Com esta greve de três dias, esperamos que haja finalmente vontade por parte do ministro da Saúde de sentar-se para conversar”, afirmou. Hermínia Teixeira adiantou que “esta greve não é uma luta apenas pelos médicos mas também pelos utentes”. CYNTHIAVAL­ENTE

Elvira Ramalho não sabia que havia greve dos médicos

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal