“O grande salto é o teste em casa”
Como vê a possibilidade de fazer testes rápidos de deteção do VIH nas farmácias? Sou favorável a tudo o que sirva para melhorar o acesso das populações que têm maior risco para contração da infeção à realização de diagnóstico precoce. Não vejo inconveniente nenhum em que se possam fazer nas farmácias sem prescrição médica. Esta medida vai fazer que haja um aumento do diagnóstico precoce da infeção? Sou um pouco cético. Não é por aqui que se vai dar um salto qualitativo no diagnóstico precoce. Esse passo vai ser dado quando for dada às pessoas a possibilidade de fazerem um teste em casa. Tenho algumas dúvidas. Acredito que o grande salto é com o teste em casa. Além disso, as populações mais vulneráveis precisam de alguma proatividade. Por isso, acredito mais nas organizações de base comunitária para a implementação dos testes. Mas isso não quer dizer que não ache que tenham de ser efetuados nas farmácias. Sou favorável à sua implementação. Quais os riscos associados à realização dos testes nas farmácias? Existem quatro elementos absolutamente essenciais para que o processo tenha algum significado. É fundamental que se preserve a confidencialidade, que a informação disponibilizada seja tecnicamente correta e que o processo seja célere. Ou seja, tem de existir uma referenciação rápida para as instituições de saúde. Por fim, é necessária simplicidade na referenciação. Deve ser praticamente automática. Se estas condições não se verificarem, e se o processo for burocraticamente complexo, afasta as pessoas. Sabe-se quantas pessoas existem em Portugal com a infeção e sem diagnóstico? Andará à volta de 10% dos infetados. Como existem no país cerca de 45 mil pessoas com a infeção, 4500 desconhecerão que estão infetados. Mas o grande problema é se as pessoas que têm o diagnóstico são seguidas nos serviços de saúde.