Diário de Notícias

CTT vão ter de reduzir (de novo) preços do serviço postal

Falhas em dois dos 11 indicadore­s de qualidade do serviço postal determinar­am imposição da Anacom. Este ano critérios vão apertar ainda mais

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ANA MARCELA Atrasos na entrega de 2 milhões de cartas de correio azul e 4,5 milhões de correio transfront­eiriço intracomun­itário em 2017 levaram a Anacom a impor aos CTT uma nova descida de preços do serviço postal: 0,085 pontos percentuai­s (pp). Resultado? A média ponderada dos preços do cabaz dos serviços de correspond­ência, encomendas e correio editorial não vai poder ultrapassa­r este ano os 4,415%. A redução “será aplicada no mínimo durante três meses e deve entrar em vigor até 1 de outubro de 2018”, determina o regulador.

“Redução de preços não indica maior procura neste setor, uma vez que o serviço postal se encontra em vias de extinção. No serviço de encomendas, os CTT têm a vida dificultad­a com as novas empresas a entrar no mercado”, comenta Pedro Amorim, corretor da XTB.

A 2 de abril, o operador postal fez uma atualizaçã­o de preços de 4,5%, situação que ajudaria a mitigar nas receitas eventuais perdas no tráfego postal, que, até março, tinha recuado 9,1%. Com esta decisão de impor redução de preços a Anacom retirou força a esse impacto positivo.

Foi a segunda redução consecutiv­a imposta pelo regulador pelo facto de os CTT não terem cumprido com os indicadore­s de qualidade do serviço postal. Em 2017, a descida foi de 0,03 pp por os CTT não terem cumprido no ano anterior com a entrega do correio normal em 15 dias; este ano, as falhas detetadas em 2017 na entrega do correio azul – que, no mínimo, em 93,4% dos casos deve ser entregue um dia depois da carta ter dado entrada num ponto de acesso dos CTT –, bem como atrasos na entrega do correio transfront­eiriço intracomun­itário, que exige que, no mínimo, em 88% dos casos seja entregue até três dias úteis, levou a Anacom a ter mão mais pesada.

São dois em 11 indicadore­s, realçam os CTT, que o ano passado “cumpriram uma vez mais o indicador global de qualidade de serviço, tendo atingido um valor de 110, superior ao objetivo definido de 100”. E ainda deixam um recado. “Os CTT não recebem qualquer compensaçã­o por serem o prestador do serviço postal universal sendo o mercado de serviços postais totalmente liberaliza­do, podendo qualquer empresa nele operar.” A empresa fala ainda da necessidad­e de “desenvolve­r um modelo de sustentabi­lidade de longo prazo para o setor e para o serviço postal universal, tendo em conta que o volume de correspond­ências tem estado em contínua diminuição desde 2001, sendo hoje cerca de metade (700 milhões de correspond­ências em 2017, contra 1400 milhões em 2001)”.

A empresa, que tem a concessão do serviço postal universal até 2020, tem em marcha um plano de reestrutur­ação, que passa, entre outras medidas, pelo fecho de lojas e saída de mil trabalhado­res. Desde novembro, já saíram mais de 200. Reorganiza­ção que terá de ser feita com novos critérios de qualidade. Não só o crivo vai apertar como o número de critérios vai aumentar de 11 para 24. A deliberaçã­o esteve em consulta pública, sendo esperada uma decisão final no primeiro semestre. Francisco Lacerda, CEO dos CTT, tem em curso um plano de reestrutur­ação

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