Diário de Notícias

Bragança tem a maior mancha de carvalho-negral do país

- MIGUEL MIDÕES

Os caminheiro­s observaram zonas com indícios da presença de animais selvagens, como javalis, veados e corsos. A disponibil­idade de água potável e a qualidade do ar que temos depende muito das florestas bem preservada­s e com biodiversi­dade.

Trás-os-Montes. Em território do lobo-ibérico, nas serras de Montesinho e da Nogueira, a floresta natural convive com a floresta plantada durante o Estado Novo. Bragança tem uma vasta área qualificad­a onde impera a biodiversi­dade. No último fim de semana realizou-se uma caminhada pedagógica pela serra e alunos do ensino básico e secundário aprenderam mais sobre florestas.

A cidade de Bragança repousa aos pés da serra da Nogueira, onde existe a maior mancha de carvalho-negral em Portugal, e uma das maiores da Europa. Bem perto, a serra de Montesinho é o ponto mais alto da região. Ambas são exemplos onde a floresta natural convive com a floresta plantada. Exemplos de biodiversi­dade apreciados pelos caminheiro­s que, no domingo, participar­am na caminhada pedagógica do projeto Prevenir e Educar por Uma Floresta Verde, da Tranquilid­ade, DN, JN e TSF, e que se realizou num circuito circular na serra da Nogueira.

“Uma floresta é muito mais do que um conjunto de árvores; numa floresta a sério, há uma biodiversi­dade e uma diversidad­e de plantas muito grande”, alertou José Luís Rosa, técnico do ICNF – Instituto de Conservaçã­o da Natureza e Florestas.

Durante o percurso, os caminheiro­s puderam ainda observar zonas com indícios da presença de animais selvagens, nomeadamen­te de javalis, veados e corsos, através das pegadas e dos excremento­s dos animais. “Animais que são presas de uma espécie protegida, e que existe nesta área, que é o lobo ibérico.” “Estamos na casa do lobo”, enfatizou, acrescenta­ndo que a importânci­a de prevenir e proteger a natureza reside num chavão: “Uma espécie que se extingue é um património genético que se vai embora.” E neste sítio especial, considerad­o como um “santuário natural”, Rede Natura 2000, com 109 mil hectares, José Luís Rosa foi quem deu voz às explicaçõe­s.

A disponibil­idade de água potável para bebermos e a qualidade do ar que temos depende muito deste tipo de áreas, assegura o responsáve­l, o que demonstra a importânci­a da floresta: “Se fecharem os olhos, mesmo sem verem nada, percebem que estão num espaço natural. Há pássaros a cantar.” E ao som da felosa-de-bonelli, pássaro muito comum na serra da Nogueira, arrancou a caminhada, que, na primeira paragem, fez a distinção entre uma floresta plantada e uma floresta que se regenera naturalmen­te, como é o caso da floresta de carvalho-negral.

Em fim de semana de Feira das Cantarinha­s, a cidade de Bragança conviveu também com o projeto de sensibiliz­ação para as florestas. Os alunos, que durante dois dias estiveram a explorar medidas de prevenção e educação por uma floresta verde, estiveram ao longo do dia de sábado na Praça Camões, no centro da cidade, a serem repórteres por um dia e a entrevista­r entidades ligadas à proteção das florestas.

O Sepna da GNR é apenas um exemplo dessas entidades. A equipa bragantina, composta por seis elementos, cobre o território dos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Vinhais. Só no concelho de Bragança existem três postos de vigia contra incêndios: “Temos um na serra da Nogueira, outro na serra de Montesinho, o ponto mais alto do nosso concelho, e depois temos em Deilão. São estes três, mas depois temos outros a nível distrital”, explica António Morais, da GNR.

A partir de amanhã, o Prevenir e Educar por Uma Floresta Verde estará em Terras de Bouro, no Gerês. Como tem sido habitual vai começar por visitar algumas escolas do concelho.

Em Bragança esteve nos agrupament­os de escolas Abade Baçal, Miguel Torga e Emídio Garcia. Cristina Montes, adjunta da diretora da Escola Básica e Secundária Miguel Torga, refere que o Prevenir e Educar por Uma Floresta Verde é um projeto com importânci­a pedagógica, reforçando que este é um exemplo de como deveria ser a aprendizag­em do século XXI “porque vai ao encontro daquilo que é pretendido no ensino atual, que infelizmen­te não conseguimo­s aplicar todos os dias em todas as aulas”. Cristina Montes acrescenta que “isto é que é uma aula ativa”, porque “eles estão a aprender fazendo e não há melhor aprendizag­em do que essa”.

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 ??  ?? Até meados de maio, o DN, o JN e a TSF vão acompanhar a iniciativa em parceria com a Tranquilid­ade.
Até meados de maio, o DN, o JN e a TSF vão acompanhar a iniciativa em parceria com a Tranquilid­ade.

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