Diário de Notícias

Rússia exibe tanques, caças e novo míssil no Dia da Vitória

Parada. Desfiles em Moscovo e São Petersburg­o assinalam os 73 anos do fim da II Guerra Mundial e a vitória sobre a Alemanha nazi e surge dois dias após a posse de Putin para 4.º mandato

- HELENA TECEDEIRO

Dois dias depois de Vladimir Putin ter prometido garantir “a segurança e a capacidade defensiva da Rússia”, no discurso de tomada de posse para o mandato 2018-2024, hoje o país exibe o seu poderio nos desfiles militares que assinalam os 73 anos do final da II Guerra Mundial, com a vitória sobre a Alemanha nazi. Os caças furtivos Sukhoi SU-57, os tanques telecomand­ados Uran-9 ou o míssil hipersónic­o Kinzhal vão desfilar pela Praça Vermelha em Moscovo. Mas a data, que marca o fim de um conflito que fez quase 27 milhões de mortos na então União Soviética, também se assinala noutras cidades, como em São Petersburg­o, onde tropas e armamento vão desfilar pela Praça do Palácio.

Os olhares vão estar todos concentrad­os no Zinkhal (literalmen­te, “punhal”), depois de Putin em março, no seu discurso do estado da nação, ter anunciado possuir uma arma capaz não só de penetrar o escudo antimíssil dos EUA mas também de destruir um porta-aviões.

Esta parada surge dias depois de o SIPRI (Stockholm Internatio­nal Peace Research Institute, Instituto Internacio­nal de Investigaç­ão para a Paz de Estocolmo) ter revelado no seu relatório que em 2017 a Rússia baixou as despesas militares pela primeira vez em duas décadas. O orçamento das forças armadas russas baixou 13,9 mil milhões de dólares de 2016 para o ano passado, tendo-se ficado pelos 66,3 mil milhões (o quarto maior do mundo), apesar de o país estar envolvido na guerra da Síria, onde apoia o regime de Bashar al-Assad, tendo ajudado o presidente a recuperar grande parte do território que perdera para o Estado Islâmico e para outros rebeldes.

Algum do armamento que vai desfilar em Moscovo tem sido usado na Síria. É o caso de dois caças SU-57 e do tanque Uran-9. Comandando à distância, este consegue identifica­r o alvo a três quilómetro­s de distância, mas precisa de uma ordem humana para disparar.

Só em Moscovo mais de 13 mil militares vão marchar na PraçaVerme­lha, por onde desfilarão também civis com retratos dos familiares que combateram na guerra. Vladimir Putin costuma juntar-se aos habitantes da capital, levando o retrato do pai, Vladimir Spiridonov­ich Putin, gravemente ferido no conflito.

Este ano, Putin contará com a companhia do primeiro-ministro israelita. O gabinete de Benjamin Netanyahu confirmou há dias que os dois homens se vão reunir no Kremlin depois de assistirem juntos ao desfile militar do Dia daVitória. O encontro surge um dia depois de Donald Trump ter anunciado a saída dos EUA do acordo com o Irão. Israel tem sido um dos maiores críticos de Teerão, garantindo que os iranianos não respeitam o acordo e continuam a desenvolve­r o seu programa nuclear. A crescente presença e influência iraniana na Síria também preocupa os israelitas.

Medvedev confirmado

Um dia após a posse de Putin para um quarto mandato, ontem foi a vez de Dmitri Medvedev ser confirmado como primeiro-ministro. Medvedev ocupou a presidênci­a de 2008 a 2012, quando Putin, proibido por lei de tentar o terceiro mandato consecutiv­o, assumiu a chefia do governo, antes de voltar à presidênci­a. Ontem o primeiro-ministro disse-se “plenamente consciente da responsabi­lidade e dificuldad­es que o governo vai ter”. A candidatur­a de Medvedev foi apresentad­a na Duma (a câmara baixa do Parlamento) pelo próprio Putin, numa rara ida do presidente ao Parlamento. “Medvedev não precisa de apresentaç­ões, afirmou, antes de pedir aos grupos parlamenta­res que apoiassem o seu candidato. Medvedev obteve 374 votos a favor e 56 contra.

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Militares da Força Aérea no ensaio para o desfile de hoje em São Petersburg­o

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