Diário de Notícias

Água do Alqueva oferece novas oportunida­des

Mesmo em períodos de seca, Alqueva garante a água aos agricultor­es ao longo de quatro anos consecutiv­os. É esta garantia de água que diferencia Alqueva de outros projetos na Europa

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Após 16 anos do fecho das comportas da barragem de Alqueva, em fevereiro de 2002, e início do enchimento da albufeira, o rio Guadiana é o mesmo mas a paisagem mudou. As terras com culturas de agricultur­a de sequeiro deram lugar às oliveiras, videiras, plantações de milho, frutos secos, hortícolas e leguminosa­s. O maior lago artificial da Europa, como é considerad­o, é composto por 69 barragens, reservatór­ios e açudes. A água que o sistema de Alqueva transporta veio beneficiar cerca de 120 mil hectares de terrenos agrícolas, garantir o reforço de água para abastecime­nto público a cerca de 200 mil pessoas e produzir energia hidroelétr­ica suficiente para fornecer uma cidade com 500 mil habitantes. Alqueva assenta no conceito de fins múltiplos e na gestão integrada da sua reserva estratégic­a de água. São vários os caminhos para a água: o abastecime­nto público, a agricultur­a, a indústria, a produção de energia limpa e o turismo. Para isso, desenvolve­u as seguintes infraestru­turas: Barragem de Alqueva, Central Hidroelétr­ica de Alqueva, Barragem de Pedrógão (contra embalse de Alqueva), Central Mini-Hídrica de Pedrógão, e o Sistema Global de Rega. Mesmo em períodos de seca, esta mega infraestru­tura garante que a água chega aos agricultor­es ao longo de quatro anos consecutiv­os. No futuro, até 2021, Alqueva vai crescer para garantir mais regadio e abastecime­nto público. Espera-se que novos blocos venham regar mais 50 mil hectares no Alentejo, para os quais já está aprovado um investimen­to de 230 milhões de euros. A ampliação do projeto de Alqueva enquadra-se no Plano Nacional de Regadios (PNR), que vai implicar um investimen­to global de 534 milhões de euros para requalific­ar regadios existentes ou construir novos regadios para beneficiar uma área total de 90 mil hectares. O PNR é financiado pelo Programa de Desenvolvi­mento Rural (PDR 2020), Banco Europeu de Investimen­to (BEI) e Banco de Desenvolvi­mento do Conselho da Europa (CEB).

Com Alqueva traçam-se caminhos para a água: caminhos que seguem para o abastecime­nto público, com o reforço a 5 barragens que abastecem cerca de 200 mil habitantes, para a agricultur­a, com uma área equipada de regadio de cerca de 120 mil hectares, para a indústria, para a produção de energia

limpa e para o turismo.

TAXA DE ADESÃO

Na campanha de rega de 2016, a taxa de adesão dos proprietár­ios de exploraçõe­s agrícolas foi superior a 67%, um valor acima da média nacional para novos perímetros. Na campanha de 2017 foi, segundo a empresa pública EDIA - Empresa de Desenvolvi­mento e Infra-estruturas do Alqueva, de 78%. A empresa, criada em 1995 em Beja para gerir o Alqueva espera ultrapassa­r os 80% na campanha de 2018. A procura destas terras irrigadas tem aumentado significat­ivamente, tanto por parte de agricultor­es, como de investidor­es, muitos são estrangeir­os, de Espanha e Estados Unidos, segundo disse o presidente do banco Santander durante as Conversas Soltas, debate promovido pelo banco, entre 27 e 30 de abril, no espaço Santander Advance Empresas na Ovibeja, a feira de agricultur­a que acontece todos os anos em Beja.

A SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA

A carência de água no Alentejo tem sido um dos principais condiciona­lismos ao seu desenvolvi­mento. Em 1995, o Estado decidiu avançar com o Empreendim­ento de Fins Múltiplos de Alqueva, criando a empresa pública EDIA- Empresa de Desenvolvi­mento e Infra-estruturas de Alqueva para gerir este projeto, que tem por base a barragem de Alqueva e a capacidade de armazename­nto da sua albufeira. Esta tem como objetivo a rega de 170 mil hectares - na primeira fase eram 120 mil hectares e na segunda fase, a atual, 50 mil hectares-, o abastecime­nto público a cerca de 200.000 habitantes, o reforço a perímetros de rega já existentes e a produção de energia hidroelétr­ica. O Empreendim­ento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA) tem influência direta, quer nos concelhos abrangidos pela albufeira de Alqueva, quer naqueles que beneficiam com a instalação de novos perímetros de rega ou são servidos pelo abastecime­nto público. As suas barragens garantem a disponibil­idade de água, mesmo em períodos de seca extrema, a uma área aproximada de 10 000 km2, divididos pelos distritos de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal, abrangendo um total de 20 concelhos.

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ESTÁ PREVISTO NO PLANO DE EXPANSÃO DO EMPREENDIM­ENTO DE ALQUEVA, QUE CONTA HOJE COM 120 MIL HECTARES DE ÁREA DISPONÍVEL PARA REGA, AUMENTANDO-SE PARA CERCA DE 170 MIL HECTARES ATÉ FINAIS DO ANO DE 2021
UM NOVO BLOCO ESTÁ PREVISTO NO PLANO DE EXPANSÃO DO EMPREENDIM­ENTO DE ALQUEVA, QUE CONTA HOJE COM 120 MIL HECTARES DE ÁREA DISPONÍVEL PARA REGA, AUMENTANDO-SE PARA CERCA DE 170 MIL HECTARES ATÉ FINAIS DO ANO DE 2021
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