Diário de Notícias

JOÃO VASCONCELO­S VOLTA A SER ARGUIDO, AGORA EM CASO DE FUNDOS COMUNITÁRI­OS

Depois do Galpgate, ex-secretário de Estado socialista está a ser investigad­o por “fraude na obtenção de subsídio” em 2010.

- JOÃO PEDRO HENRIQUES e PAULA SÁ

João Vasconcelo­s, o secretário de Estado da Indústria que em julho de 2017 deixou o governo por ter sido constituíd­o arguido no caso das viagens pagas pela Galp ao Euro 2016, é desde há duas semanas arguido num outro processo, “relacionad­o com fraude na obtenção de subsídio” (expressão de uma nota da Procurador­ia-Geral da República). A notícia foi ontem avançada pela revista Sábado.

O inquérito, a decorrer no DCIAP (Departamen­to Central de Investigaç­ão e Ação Penal), dirá respeito a factos ocorridos em 2010 – ou seja, muito antes de Vasconcelo­s ir para o governo (finais de 2015). Estarão envolvidas verbas na ordem dos 400 mil euros.

A Sábado antecipou ontem, no seu site, pormenores da notícia. Vasconcelo­s, de 42 anos, “foi constituíd­o arguido pelo Ministério Público num caso que envolve uma sociedade-veículo de que foi sócio, a Go Big or Go Home, e que em 2010 investiu dinheiros comunitári­os numa empresa detida pela mulher”, Isabel Domingues dos Santos. “O Departamen­to Central de Investigaç­ão e Ação Penal (DCIAP) fez buscas no mês passado à casa, em Cascais, do ex-governante, aos escritório­s da empresa Eco Choice, bem como à casa no Estoril de Francisco Maria Pinto Balsemão (filho de Francisco Balsemão), um dos cinco sócios de Vasconcelo­s no fundo. Isabel Domingues Santos, mulher de João Vasconcelo­s, e Francisco Maria Balsemão foram também constituíd­os arguidos.” A revista falou pela primeira vez deste caso em março do ano passado.

Na sexta-feira passada começou a correr o rumor de que o ex-secretário de Estado fora constituíd­o arguido neste processo. O DN questionou-o mas o responsáve­l não confirmou. Seguiu do DN nesse mesmo dia para a assessoria de imprensa da procurador­a-geral da República uma pergunta sobre o que havia de verdade nesta informação. A resposta chegou ao DN anteontem, 8 de maio: “Ao abrigo do disposto no art.º 86.º, n.º 13, al. b) do Código de Processo Penal, confirma-se a existência de inquérito, a correr termos no DCIAP, relacionad­o com fraude na obtenção de subsídio. Tem arguidos constituíd­os. O inquérito encontra-se em investigaç­ão e está em segredo de justiça.” Ou seja: a PGR confirmava que havia um inquérito em curso mas sem dizer expressame­nte que Vasconcelo­s era arguido, alegando segredo de justiça. Essa mesma nota foi ontem transmitid­a à Lusa.

Ao mesmo tempo circulou outro rumor: de que foi ao saber de que estava para emergir mais um caso envolvendo um destacado militante do PS – João Vasconcelo­s, no caso – a cúpula do partido, começando por Carlos César e acabando no próprio António Costa, decidira demarcar-se definitiva­mente de Sócrates e de Manuel Pinho, a título de exemplo e preventivo para situações futuras. Fontes governamen­tais desmentira­m ontem ao DN esta versão dos casos. A gota de água que levou a cúpula socialista a agir foi o caso de Manuel Pinho (terá recebido do BES enquanto foi ministro) e ter-se percebido que o PSD iria explorar o caso (como ontem voltou a fazer no debate quinzenal com o PM no Parlamento).

Vasconcelo­s foi constituíd­o arguido neste processo há duas semanas e foi nessa altura que se soube que se afastara da coordenaçã­o da preparação do congresso do PS (25 a 27 deste mês, na Batalha). Fê-lo alegando razões familiares.

Antigo assessor de Sócrates e ex-dirigente nacional da JS, João Vasconcelo­s – que o DN tentou ontem, em vão, contactar – destacou-se no espaço público nos últimos anos como dinamizado­r do empreended­orismo jovem. De 2011 até ir para o governo (2015), dirigiu a Startup Lisboa, uma organizaçã­o dinamizado­ra da criação de empresas criada pela Câmara de Lisboa (e apoiada no Montepio e no IAPMEI). Ficou associado à realização em Lisboa, em novembro de 2016, da maior cimeira mundial de startups, a Web Summit.

João Vasconcelo­s é arguido há duas semanas. Foi nessa altura que se demitiu da organizaçã­o do próximo congresso do PS

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42 anos, é associado à vinda para
Lisboa da Web Summit
João Vasconcelo­s, 42 anos, é associado à vinda para Lisboa da Web Summit

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