Centeno obteve folga de quase mil milhões de euros no défice
CONTAS Programa de Estabilidade tem “postura correta”, mas há coisas que não batem certo, como a reforma da despesa
O plano do governo para ajustar as contas públicas até 2022 parece ser correto, vai no bom sentido, mas os riscos são tantos, e depende tanto do sucesso da economia (crescimento), que é difícil afirmar que vai ser cumprido, avisou o Conselho das Finanças Públicas (CFP), na análise ao Programa de Estabilidade 2018-2022.
O novo Programa de Estabilidade “beneficia de um ponto de partida favorável” na medida em que a execução orçamental de 2017 permitiu acumular uma folga importante no défice (menos 891 milhões face ao que se calculava em outubro no Orçamento). Contando com a poupança em juros, a folga total obtida em 2017 sobe para quase mil milhões de euros (985 milhões), refere o estudo do CFP, presidido por Teodora Cardoso.
Do lado da despesa, isto acontece à custa de menos 303 milhões de euros em consumos intermédios, menos 139 milhões em despesa com pessoal, menos 304 milhões em despesas de capital, menos 441 milhões em apoios sociais, cortes de 419 milhões de euros noutras despesas correntes e uma poupança na ordem dos 144 milhões a nível dos subsídios concedidos. A poupança em juros também foi importante (menos 94 milhões).
Ou seja, o défice que era para ser de 1,4% em 2017 acabou por ficar em 0,9% (sem o efeito CGD) porque o governo conseguiu comprimir a despesa em 1,6 mil milhões além do que estava previsto. Esta redução permitiu mais do que compensar uma quebra na receita de 667 milhões.