Diário de Notícias

Kim leva um avião da era soviética e muitos seguranças para cimeira

Singapura foi a escolha do líder norte-coreano para encontro com Trump por ficar apenas a 4700 km de Pyongyang

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COREIA DO NORTE Não foi apenas a neutralida­de de Singapura que levou Kim Jong-un a escolher a ilha para a cimeira de 12 de junho com Donald Trump. Para o líder norte-coreano, era essencial que o local ficasse a uma distância razoável de voo de Pyongyang, garantiam ontem responsáve­is sul-coreanos. Tudo indica que Kim viajará no seu Ilyushin-62M, um jato pessoal da era soviética que começou a ser produzido nos anos 1970 e tem capacidade para voar no máximo dez mil quilómetro­s.

Ora Singapura, a 4700 km do Aeroporto de Sunan, em Pyongyang parece a escolha perfeita. A visita, no início da semana, de Kim Jong-un à China (depois de uma primeira de comboio, em finais de março) para um encontro com o presidente Xi Jinping em Dalian, foi um “ensaio geral” para a deslocação a Singapura, disse à Reuters Andray Abrahamian, investigad­or no Pacific Forum CSIS, em Singapura, e especializ­ado em treinar norte-coreanos para o mundo dos negócios. Desde que tomou posse em 2011 – sucedendo ao avô e ao pai –, a viagem à China foi a primeira que Kim fez de avião.

A acompanhar o Ilyushin-62M na viagem à China, o líder norte-coreano levou um avião de carga Ilyushin-76, onde transporto­u a limusina pessoal. Com autonomia para apenas 3000 km, o Il-76 terá, numa viagem até Singapura, de parar num país amigo, como oVietname, ou de viajar com menos carga. Originalme­nte pensado para transporta­r maquinaria pesada até às partes mais remotas da União Soviética, o aparelho é suficiente­mente grande para levar um autocarro escolar ou dois contentore­s.

Ao contrário do pai, Kim Jong-il, que viajava sempre para o estrangeir­o de comboio, por temer que abatessem o seu avião, o atual líder norte-coreano não parece ser avesso a voar. Mas uma viagem destas é um desafio logístico para um país que conta com aparelhos da era soviética para transporta­r equipament­o de segurança e o pessoal necessário para uma cimeira desta dimensão.

Segundo o dissidente Lee Yun-keok, que trabalhou para o governo da Coreia do Norte e agora lidera o Serviço de Informaçõe­s Estratégic­as sobre a Coreia do Norte em Seul, a viagem até Singapura deve envolver dezenas de seguranças pessoais e muito equipament­o, inclusive a sanita de Kim. Além de exigir muito combustíve­l, um bem raro na Coreia do Norte devido às sanções impostas ao país devido ao seu programa nuclear. H.T.

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