Corrida entre herói da guerra, antigo e atual primeiro-ministro
Paz e reconstrução são as prioridades do futuro governo de um país devastado durante anos pelo conflito armado e pelo terrorismo
ELEIÇÕES As eleições parlamentares que hoje se celebram no Iraque são uma corrida a três entre Haider al-Abadi, Nuri al-Maliki e Hadi al-Amiri – o primeiro-ministro, o vice-presidente e o ex-comandante da milícia que combateu o Estado Islâmico (EI).
O vencedor do escrutínio tem desafios enormes pela frente: manter a unidade territorial, libertar o território do Estado Islâmico e outras ameaças terroristas, reconstruir o país destruído pela guerra, aplacar os sectarismos e combater a corrupção (que desvia as receitas petrolíferas). Quanto à reconstrução, Bagdad estima que serão necessários pelo menos cem mil milhões de dólares para reconstruir casas, empresas e infraestruturas em destroços.
Maliki propõe acabar com o acordo de governo existente, segundo o qual o executivo deve refletir as minorias religiosas e culturais eleitas no Parlamento. A escolha dos postos principais reflete esse acordo: o primeiro-ministro é xiita (ramo do islão maioritário no Iraque), o presidente do Parlamento é sunita e o presidente do país é curdo. Durante os oito anos em que foi primeiro-ministro, Maliki foi acusado de perseguir as minorias. Mas também de deixar o EI apropriar-se de um terço do Iraque. O que acabou por levar Abadi, colega de partido, a tomar o seu lugar em 2014.
Uma semana antes das eleições, o ayatollah Ali al-Sistani, sem nomear Maliki, disse aos eleitores para não caírem “na armadilha dos corruptos e dos que falharam”.
Além de Abadi, Maliki tem outro poderoso adversário, Al-Amiri, que se transformou num herói ao comandar as milícias xiitas contra a ocupação do grupo terrorista do iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi.
As eleições decorrem num momento em que a aviação iraquiana tem feito algumas missões de ataque a alvos do Estado Islâmico na Síria. A coligação liderada pelos Estados Unidos anunciou na semana passada que está a desativar os postos de comando das forças terrestres no Iraque. No entanto, os países membros da NATO irão manter-se em missões de treino para evitar um regresso do EI. C.A.