Diário de Notícias

Williams: um regresso lento e embaraçoso para Kubica

Sete anos depois do grave acidente, polaco voltou às pistas, mas não foi além do 19.º lugar nos treinos livres para o GP Espanha

- RUI MARQUES SIMÕES

“Senti-me embaraçado, porque o carro mostrou-se muito lento e difícil de conduzir. Não se consegue fazer mais”, lamentou Kubica

Não foi o regresso com que Robert Kubica sonhava, mas esta Williams (tão distante dos tempos áureos) não dá para mais. Ontem, de volta às pistas de Fórmula 1 – mais de sete anos depois do grave acidente num rali, que o deixou com a carreira em risco –, o piloto polaco não foi além do 19.º lugar na primeira sessão de treinos livres para o Grande Prémio da Espanha (em Barcelona).

“Senti-me embaraçado, porque o carro mostrou-se muito lento e difícil de conduzir. Não se consegue fazer mais”, lamentou Kubica, após a sessão, em que fez o segundo pior tempo (1.21,510 minutos), só à frente do colega Lance Stroll e a 3,462 segundos do melhor, Valtteri Bottas (Mercedes). E o embaraço até foi maior do que a comoção pelo regresso às pistas de F1, mais de sete anos depois da última corrida (5.º, no Grande Prémio de Abu Dhabi de 2010). “Esperava sentirme mais emocionado. Tive emoções maiores no passado, por exemplo quando testei pela primeira vez. Embora já não pilote [na F1] com frequência, tornou-se uma coisa natural”, explicou o piloto polaco, à Sky Sports F1.

A passagem de Kubica pelo volante doWilliams FW41 foi breve (na sessão de treinos da tarde rodou o russo Sergey Sirotkin, que fará equipa com o canadiano Stroll, amanhã no GP Espanha), mas carregada de simbolismo. Visto outrora como uma das maiores promessas da F1, o polaco só conseguiu voltar neste ano, como piloto da reserva da Williams – após o grave acidente sofrido no rali Ronde de Andorra lhe ter roubado parte dos sonhos (sofreu fraturas múltiplas, passou por 18 cirurgias e perdeu alguma sensibilid­ade no braço direito). O piloto da Williams voltará aos comandos do FW41 já na próxima semana, nos testes que também vão decorrer no circuito de Montmeló (Barcelona). E continuará com o duro desafio de ajudar a reabilitar uma escuderia que já foi nove vezes campeã de construtor­es e que já conquistou sete títulos mundiais de pilotos (os últimos em 1997), mas agora não passa da cauda do pelotão – só chegou aos pontos uma vez neste ano (Stroll, 8.º no Azerbaijão).

“Foi um bom teste para perceber os meus limites e os do carro. Na minha função, tenho de dar feedback [de como o carro se comporta] e não posso ter atitudes patetas. Acho que fiz bem o que me foi pedido, embora as condições de condução do carro fossem muito difíceis”, resumiu Robert Kubica, de 33 anos, já depois de se queixar da dificuldad­e de segurar o carro em pistas algumas ocasiões. “Não esperava que fosse tão mau. Foi um choque”, sublinhou.

Ainda assim, o polaco desfrutou do (efémero) regresso às pistas. “Foi bom participar num fim de semana de corrida, melhor seria continuar”, concluiu, mesmo ciente de que o Williams FW41 talvez não esteja à altura de quem tem uma vitória e 12 pódios no currículo, como ele.

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