Diário de Notícias

Atlântico promete mercados, mas faltam os elos da logística

Bancos de desenvolvi­mento vão canalizar mais fundos para infraestru­turas na América Latina para melhorar cadeias logísticas internas e com o resto do mundo

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Os argentinos Susana Malcorra e Federico Ramón Puerta foram dois dos oradores das conferênci­as Triângulo Estratégic­o do IPDAL

MARIA CAETANO Há um mundo emergente onde o aumento da população continua a prometer dividendos, as margens de produtivid­ade estão por preencher e onde a integração promete ser cada vez maior. É mundo que vive nas margens do Atlântico Sul, vizinho da Europa, e, na opinião de alguns, local onde demografia, recursos naturais e conhecimen­to poderão fazer avançar a redução da pobreza mundial. Ou oferecer oportunida­des às empresas do velho mundo.

“No oceano Atlântico temos muito terreno para produzir resultados altamente benéficos para o planeta”, defendeu ontem Federico Ramón Puertas, embaixador da Argentina em Madrid, orador principal nas conferênci­as Triângulo Estratégic­o promovidas pelo Instituto para a Promoção da América Latina e Caraíbas (IPDAL) para discutir a aproximaçã­o entre os blocos latino-americano, africano e europeu.

Ramón Puerta, brevemente presidente da Argentina na crise económica e política vivida pelo país em 2001, disse entender que “na América Latina e no continente africano há uma grande possibilid­ade de que a complement­aridade avance mais rápido”.

“O continente africano é o único espaço da última década com um claro cresciment­o económico. Quando o resto do mundo caiu numa recessão, África mostrou índices de cresciment­o globais muito fortes. E nós, na América Latina, podemos pela primeira vez na história exibir uma classe média saída da pobreza”, defendeu.

Um futuro acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, que poderá ser concluído este ano, trará Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai – um mercado de 260 milhões de pessoas – para mais perto da Europa e de África.

Mas se há acordos e se começa a haver mercados mais integrados – na União Africana e na América Latina – continuam a faltar as cadeias logísticas , apontaram representa­ntes do Banco Interameri­cano de Desenvolvi­mento (BID) e do Banco de Desenvolvi­mento da América Latina.

Guillermo Fernández de Soto, diretor do CAF para a Europa, defendeu que são necessário­s corredores

Gap de infaestrut­uras Falta investir 320 mil milhões de dólares até 2020 na América Latina, segundo a CEPAL, agência da ONU para a região.

Trocas comerciais UE-Mercosul No ano passado, a UE comprou 42 mil milhões de euros de bens latino-americanos e vendeu à região bens de 44,4 mil milhões de euros. logísticos “que possam articular-se de maneira mais competitiv­a nas cadeias internacio­nais de valor”.

O banco, no qual participam Portugal e Espanha, é responsáve­l por 36% do financiame­nto multilater­al na América Latina e está a rever o seu mandato para uma maior aposta nas infraestru­turas. O objetivo “é pensar todas as interconex­ões da região”.“Temos grandes atrasos. Temos de favorecer esta integração funcional, que significar­á maior produtivid­ade.”

“As infraestru­turas são um tremendo canal de oportunida­de”, defendeu também Rafael Hoyuela, representa­nte do BID na Europa. O banco tem um volume de financiame­nto anual de 11 a 12 mil milhões de dólares, com uma alocação de 50% a infraestru­turas.

O Banco Europeu de Investimen­to quer também aumentar o financiame­nto à região, com um escritório na Colômbia. O objetivo é canalizar para a América Latina dois terços dos fundos para mitigação das alterações climáticas, revelou Kim Kreilgaard, diretor em Portugal.

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