Kim ameaça cancelar cimeira com Trump
Exercícios militares conjuntos entre Washington e Seul já levaram ao cancelamento de reunião de alto nível marcada para hoje
COREIAS A Coreia do Norte suspendeu ontem uma reunião de alto nível com a Coreia do Sul prevista para hoje e ameaçou cancelar a cimeira entre Kim Jong-un e o presidente norte-americano, Donald Trump, marcada para 12 de junho em Singapura. Tudo por causa dos exercícios militares conjuntos entre Washington e Seul, que envolveram bombardeiros B-52 e aviões de caça furtivos, e que Pyongyang considerou “uma provocação” numa altura de aproximação entre as duas Coreias.
“Este exercício, que nos tem a nós como alvo, que é empreendido em toda a Coreia do Sul, é um desafio flagrante à Declaração de Panmunjon [assinada no mês passado] e uma provocação militar intencional que vai contra os desenvolvimentos políticos positivos na Península da Coreia”, segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA, citada pela agência sul-coreana Yonhap. “Os EUA também têm de empreender deliberações cuidadosas sobre o destino da planeada cimeira entre a Coreia do Norte e os EUA, à luz desta zaragata militar provocadora conduzida em conjunto com as autoridades sul-coreanas”, acrescentou.
Kim e Trump, que ainda no final do ano passado trocavam insultos através das redes sociais e das agências oficiais, têm previsto encontrar-se em Singapura, a 12 de junho. O Departamento de Estado disse ontem que continua a planear a cimeira: “Kim Jong-un já disse antes que compreende a necessidade e a utilidade de os EUA e a Coreia do Sul continuarem com os exercícios conjuntos”, afirmou a porta-voz Heather Nauert. Estes exercícios decorrem anualmente. Em 2017, os exercícios aéreos com o nome de código Max Thunder envolveram 1500 militares de ambos os países e incluíram voos de F-16.
O encontro de alto nível de hoje entre as Coreias estava marcado para uma aldeia na fronteira entre os dois países e visava criar condições para conversações patrocinadas pela Cruz Vermelha Internacional. O objetivo era reduzir a tensão na linha que separa os dois Estados e reiniciar o processo de reunificação de famílias separadas pela guerra na Península Coreana.