Diário de Notícias

Geraldes detido por suspeitas de corrupção também no futebol

Caso Cashball. PJ fez buscas na SAD do Sporting e deteve quatro suspeitos, um deles o braço direito de Bruno de Carvalho. Em causa está o alegado pagamento a jogadores adversário­s

- CARLOS NOGUEIRA

O Sporting está a ser investigad­o por suspeitas de um alegado esquema de corrupção no andebol mas também no futebol profission­al, o denominado caso CashBall. Nesse sentido foram realizadas ontem buscas na SAD do clube. Segundo o JN, a Polícia Judiciária (PJ) está a investigar os jogos desta temporada que os leões realizaram contra V. Guimarães, Feirense, Desp. Chaves, Tondela, Desp. Aves e Estoril, havendo suspeitas de que alguns jogadores dessas equipas tenham sido pagos para facilitar as vitórias dos leões.

As buscas à SAD leonina, em Alvalade, iniciaram-se ontem, cerca das 09.00, tendo as autoridade­s detido quatro pessoas, por suspeita de corrupção ativa, que foram transporta­das para o Porto, onde foram ouvidas na instalaçõe­s da PJ (até à hora do fecho desta edição não eram conhecidas as medidas de coação). Um deles é André Geraldes, team manager dos leões e braço direito do presidente Bruno de Carvalho para o futebol, que alegadamen­te seria o mentor de todo o esquema. Os outros suspeitos são Gonçalo Rodrigues, responsáve­l pelo Gabinete de Apoio ao Atleta e às Modalidade­s Profission­ais do Sporting, que já suspendeu as suas funções, e os empresário­s João Gonçalves e Paulo Silva.

Este último terá sido quem denunciou a situação às autoridade­s, por alegadamen­te estar arrependid­o, tendo ainda, segundo o JN, entregado no Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal do Ministério Público do Porto telefones móveis com mensagens escritas e áudio trocadas com os outros suspeitos via WhatsApp, uma aplicação de comunicaçõ­es encriptada­s, nas quais eram combinadas as alegadas atividades junto dos alegados jogadores corrompido­s.

Um dos atletas em causa é João Aurélio, defesa do V. Guimarães, a quem o Sindicato dos Jogadores já manifestou “apoio”. O defesa de 29 anos teria sido corrompido para facilitar no jogo entre os vimaranens­es e o Sporting, no Estádio D. Afonso Henriques, que terminou com a vitória dos leões por 5-0. Mas até à hora do fecho desta edição o jogador não tinha sido ouvido. Os valores envolvidos no alegado aliciament­o de futebolist­as terão atingido os 12 500 euros. A edição online do Expresso avançava que entre os alegados jogadores aliciados está um atleta de uma equipa nortenha de nacionalid­ade brasileira e um guarda-redes.

A operação Cashball, dirigida pelo Departamen­to de Investigaç­ão e Ação Penal do Porto, envolveu 40 elementos da PJ e incluiu uma dezena de buscas domiciliár­ias, além das feitas à SAD leonina no Estádio José Alvalade. Liga é assistente no processo O Sporting emitiu um comunicado ontem a meio da tarde a confirmar as buscas nas suas instalaçõe­s e a detenção de “dois colaborado­res”, acrescenta­ndo que “confia na justiça” e que “prestou e prestará toda a colaboraçã­o necessária ao apuramento da verdade”.

A Liga Portugal anunciou, também em comunicado, que se constituir­á assistente neste processo. “A exemplo daquilo que ocorreu, em situações análogas nas três últimas épocas desportiva­s, este organismo ir-se-á constituir assistente no processo judicial instaurado”, refere a nota. A Liga irá aguardar “pela atuação dos órgãos de Polícia Criminal e da disciplina desportiva”, entidades a que pedem “celeridade”. Depois de lembrar que “todos se presumem inocentes até decisão condenatór­ia transitada em julgado”, a Liga garante que não compactuar­á “com a impunidade daqueles que, de forma leviana, coloquem em causa a integridad­e das competiçõe­s profission­ais”.

O V. Guimarães, que viu o seu nome envolvido neste alegado esquema, repudiou o eventual ato de corrupção no jogo com o Sporting, tendo manifestad­o “surpresa e estupefaçã­o” e exigindo “uma rápida, enérgica e eficiente intervençã­o dos órgãos judiciais competente­s”, mostrando-se “totalmente ao dispor para o que venha a ser entendido como necessário”, pois considera-se como “principal interessad­o no apuramento da verdade”.

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