Diário de Notícias

PCP pressiona PS para legalizaçã­o de imigrantes clandestin­os

ESTRANGEIR­OS Comunistas voltam à carga com projeto de lei que regulariza situação de cerca de 30 mil imigrantes clandestin­os

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Pela segunda vez nesta legislatur­a, o PCP vai apresentar um projeto de lei que, aprovado, conduziria à regulariza­ção da situação de um número estimado de trinta mil estrangeir­os a residir em Portugal ilegalment­e (sem autorizaçã­o de residência).

Falando ao DN, o deputado comunista António Filipe reconheceu que o diploma do seu partido responde a apelos vindos das associaçõe­s de imigrantes, as quais afirmam que o problema está a aumentar de dimensão. Se o PS o viabilizar­á ou não é algo que “não foi falado”, até porque o PCP ainda não apresentou formalment­e o projeto. Na primeira vez nesta legislatur­a que apresentou um projeto com este objetivo (março do ano passado), o voto contrário do PS, ao lado dos votos, também contrários, do PSD e do CDS, chumbou-o.

O que se passa, acrescenta Filipe, é que a entrada ilegal em Portugal representa, só por si, para a maior parte dos imigrantes clandestin­os, um poderoso obstáculo a que consigam depois regulariza­r a sua situação.

No preâmbulo do projeto, o PCP diz que a lei de 2007 que regula a “entrada, permanênci­a, saída e afastament­o de estrangeir­os do território nacional”, foi um “passo positivo nas políticas de imigração em Portugal”. Porém, “permanecer­am aspetos negativos” de que é exemplo “a inexistênc­ia de um mecanismo legal permanente capaz de permitir a regulariza­ção da situação de cidadãos estrangeir­os que, residindo e trabalhand­o em Portugal desde há muito tempo, permanecem indocument­ados por não conseguire­m reunir todas as condições exigidas para a obtenção de autorizaçã­o de residência”.

Assim, o PCP propõe que “os cidadãos estrangeir­os que se encontrem a residir em Portugal sem a autorizaçã­o legalmente necessária possam obter a sua legalizaçã­o desde que disponham de meios de subsistênc­ia através do exercício de uma atividade profission­al, ou em qualquer caso, desde que tenham cá residido permanente­mente desde momento anterior à entrada em vigor da Lei n.º 63/2015, de 30 de junho, ocorrida em 1 de julho desse ano”. Mas isto, sem soluções como “processos extraordin­ários de regulariza­ção, limitados no tempo”, os quais, “a prazo, deixam tudo na mesma”.

Para o PCP, “a integração social plena dos cidadãos estrangeir­os que se encontram a residir e a trabalhar em Portugal é uma obrigação indeclináv­el do Estado português”. “O racismo e a xenofobia não se combatem com a exclusão social dos imigrantes, cedendo a pressões racistas e xenófobas. Combatem-se precisamen­te com a integração social, tratando todos os cidadãos com a dignidade a que, como seres humanos, têm direito.” J.P.H./M.M.

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António Filipe é o principal autor deste projeto de lei dos comunistas

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