Diário de Notícias

Enel fora da corrida à EDP, Gas Natural pode apostar numa fusão

OPA rivais à EDP são vistas como improvávei­s pelos analistas. A italiana Enel já avisou que não está interessad­a. A espanhola Gas Natural procura aliados

- Euros por ação

BÁRBARA SILVA e ELISABETE TAVARES A italiana Enel está fora da corrida à EDP. A garantia foi dada ao DN/DinheiroVi­vo por fonte oficial da empresa, reiterando a posição já definida pelo CEO Francesco Starace de interesse apenas em aquisições até um limite de cinco mil milhões de euros, com especial foco na América Latina. “No que diz respeito à EDP, não comentamos rumores do mercado. A Enel não está interessad­a em negócios de grande escala.” Também em abril, a francesa Engie desistiu de lançar uma OPA sobre a EDP. Agora, contactada, recusou comentar.

De Espanha, por outro lado, surgiram notícias de uma eventual fusão “amistosa” entre a Gas Natural e a EDP, que vem sendo preparada “em lume brando” há vários meses. Diz o site El Confidenci­al, citando fontes do setor energético, que a elétrica espanhola já tem mesmo dois aliados para esta fusão: a argelina Sonatrach, que tem 2,38% da EDP; e o fundo norte-americano Capital Group, que controla 12%. Contactada pelo DN/Dinheiro Vivo, a Gas Natural não quis fazer comentário­s. A própria EDP, em resposta a pedido de esclarecim­ento da CMVM, terá negado estar envolvida ou ter informação sobre uma eventual fusão.

Depois de a EDP ter considerad­o que o preço oferecido na OPA não reflete adequadame­nte o valor da elétrica, o mercado também não tem dúvidas: a China Three Gorges terá de subir o preço se quiser ganhar o controlo acionista. As ações da EDP negoceiam na bolsa acima dos 3,4 euros, ou seja, quase 10% acima do valor pré-OPA. E os analistas estão convencido­s de que o preço terá ainda de subir bastante mais. Ontem, a Macquarie subiu o preço-alvo das ações da EDP para 3,6 euros. “A nossa base de dados de fusões e aquisições para transações similares no mercado ibérico sugere um preço mínimo de 3,6 euros”, refere a casa de investimen­to. “Acreditamo­s que o preço final da OPA sobre a EDP será negociado entre os acionistas-chave, incluindo o Capital Group, Liberbank, BlackRock, o governo de Abu Dhabi, BCP, Sonatrach, Autoridade de Investimen­to do Qatar e o Norges Bank.”

O terceiro maior acionista da EDP também já anunciou que não tenciona vender a sua posição de 7,2% ao preço anunciado pela CTG. Segundo o espanhol Cinco Días, os acionistas espanhóis da EDP – Liberbank e o grupo Masaveu, através da Oppidum – consideram insuficien­te o prémio de 4,8%, que lhes renderia uns 850 milhões de euros. A CTG oferece 3,26 euros por ação pela EDP e 7,33 euros pela EDP Renováveis. Entendem que se deve levar em conta que a EDP paga um dividendo elevado. “Se considerar­mos o controlo de uma empresa que gera um resultado anual entre os 900 milhões de euros e os 1000 milhões num horizonte temporal de sete a 10 anos, não estranharí­amos se houvesse uma melhoria nas condições da OPA”, diz João Queiroz, do Banco Carregosa.

Mas poucos acreditam já numa oferta concorrent­e. “Por agora, parece-nos improvável haver alguma OPA concorrent­e, tendo em consideraç­ão que o governo chinês detém uma posição de 28% através da CTG e da CNIC”, refere a Macquarie. As outras energética­s ibéricas “vão ficar à margem na expectativ­a de que eventuais remédios impostos à CTG se traduzam em oportunida­des para comprar ativos”. É o valor mínimo apontado por alguns analistas para que a OPA sobre a EDP possa ter sucesso

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